postado em 21/05/2009 11:52
A cúpula do PMDB reuniu ontem à noite, em um jantar, representantes de 20 diretórios regionais para avaliar o cenário sobre possíveis alianças estaduais com o PT nas eleições de 2010. Dos diretórios presentes, apenas seis manifestaram resistência em dividir o palanque com os petistas.
A preocupação, no entanto, foi com o fôlego da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o que, na avaliação de peemedebistas pode inflar a proposta para o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na reunião --que ocorreu na casa do líder da bancada da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e contou com a presença do presidente da Câmara, Michel Temer (SP)--, os diretórios do Acre, Santa Catarina e Rio Grande do Sul informaram que são mínimas as chances de um entendimento com o PT. Paraná, Minas Gerais e Bahia condicionaram a união à concessão dos partidos.
A avaliação preliminar do cenário deve ser entregue na semana que vem ao presidente Lula, que tem estimulado o diálogo para diminuir conflitos em busca de candidaturas únicas dos partidos. A pressa do presidente em acertar a composição partidária nos Estados é para consolidar a aliança nacional.
O discurso oficial dos peemedebistas é que o apoio a ministra na corrida para ser a sucessora do presidente Lula está mantido. Mas longe dos holofotes eles já admitem que a luta dela contra o câncer pode prejudicar o andamento da campanha. O tratamento de quimioterapia deve durar ainda mais quatro meses e a recomendação é para que a ministra diminua o ritmo de trabalho.
Incomodados com as incertezas sobre o estado de saúde dela, dirigentes do PMDB que estavam no jantar começaram a discutir a PEC (proposta de emenda constitucional) do deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) que propõe o terceiro mandato para o presidente Lula.
Líderes do partido argumentaram que o PT não tem outro nome forte para uma eventual substituição de Dilma e que o ideal seria avançar com a proposta de mais um mandato para o petista.
Barreto explicou a PEC aos correligionários e disse ter conquistado o apoio de 188 deputados. O deputado se comprometeu em ampliar o número de assinatura --são necessária 171-- e sustentou que apresenta o texto no final do mês. Segundo relato de peemedebistas, não houve resistência entre os caciques do PMDB ao texto de Barreto.
Sem plano B
Em viagem à China, Lula descartou nesta quarta-feira disputar um terceiro mandato caso Dilma não tenha condições de manter a sua candidatura. "Eu não discuto essa hipótese. Primeiro porque não tem terceiro mandato. Segundo, porque a Dilma está bem", afirmou.
Reportagem afirma que Lula ordenou seus principais auxiliares, na China, para que impeçam o PT de abrir qualquer discussão pública sobre a eventual substituição da ministra como candidata ao Planalto. Lula também reforçou a determinação para minimizar o debate congressual sobre um eventual terceiro mandato.
As recomendações do presidente foram transmitidas à cúpula do PT depois de ele se informar com auxiliares sobre o estado de saúde de Dilma, que se sentiu mal anteontem e teve de ser internada em São Paulo.
Lula quer evitar a discussão sobre um plano B, apesar de petistas e aliados, especialmente do PMDB, já terem começado nos bastidores a especular sobre nomes que poderiam substituir Dilma como candidata.
Segundo a reportagem, petistas e aliados dizem reservadamente que será preciso aguardar alguns meses para confirmar a candidatura da ministra ou mudar os planos. Dizem que será necessário que, até outubro ou novembro, ela mostre gozar de boa saúde para viabilizar sua postulação. Do contrário, o candidato teria de ser outro. O nome mais forte do PT para esse papel é do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda).