Politica

Dilma defende Petrobras

Ministra diz que a atual gestão da empresa cumpre métodos rigorosos de fiscalização e ataca a oposição: ;(A companhia) pode ter sido caixa-preta em 1997, 1998, 1999, 2000;

postado em 23/05/2009 09:00
Ao retomar a rotina de trabalho, após dois dias de internação no Hospital Sírio-Libanês, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, defendeu a Petrobras e, numa resposta endereçada aos adversários do Palácio do Planalto, afirmou que a estatal pode ter sido ;caixa-preta; no passado. Segundo ela, a atual gestão cumpre rigorosos métodos de fiscalização contábil. ;Essa história de falar que a Petrobras é uma caixa-preta: a Petrobras pode ter sido uma caixa-preta em 1997, 1998, 1999, 2000;, disse, numa referência à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Dilma afirmou que se existe um assunto sobre o qual ela entende esse é a Petrobras. ;Acho que é uma empresa tão importante, não só do ponto de vista estratégico para o Brasil, também por ser a maior empresa, a maior empregadora, a maior contratadora de serviços.; E defendeu que o foro mais adequado para investigação seria o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União e não uma apuração no Congresso Nacional. Na próxima semana, os líderes partidários no Senado devem definir os integrantes da CPI da Petrobras, providência que resta para que apuração parlamentar comece. Ao defender a comissão, alguns opositores do governo Lula alegaram justamente a ;caixa-preta;. O líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), rebateu as declarações de Dilma. O tucano afirmou que ;existem diferenças estruturais; na forma como os dois governos definiram a composição da estatal. Segundo ele, a atual gestão da Petrobras foi ;aparelhada com candidatos derrotados;. ;É no mínimo estranho que a ministra diga que naquela época era uma ;caixa-preta; e agora não e se posicione contra a investigação. Há diferenças estruturais na escolha que os dois governos fizeram para compor a estatal. No governo Fernando Henrique não havia aparelhamento, não havia candidato derrotado.; Em visita oficial à Turquia, Lula se recusou a comentar a instalação da CPI. Durante entrevista coletiva concedida ao lado do presidente turco, Abdullah Gül, o petista disse: ;Eu gostaria de saber qual é o fato determinado de uma CPI. No fundo, no fundo, no fundo, ainda não está explicado qual é o motivo desta CPI;, disse Lula. A oposição listou seis frentes de trabalho. Entre elas, denúncias de uso de artifícios contábeis que teriam resultado em redução do recolhimento de impostos no valor de R$ 4,3 bilhões. Volta ao trabalho A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a trabalhar ontem, depois de ficar três dias distante da agenda oficial. Pela manhã, a ;mãe do PAC; se reuniu, em São Paulo, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. À tarde, despachou no Centro Cultural Banco do Brasil, a sede provisória do governo em Brasília. Ela conversou com os jornalistas duas vezes ao longo do dia. Em ambas, mostrou-se bem disposta, mas reconheceu que reduzirá o ritmo de trabalho a fim de se dedicar ao tratamento de câncer a que se submete. ;Essa é uma doença chatérrima. Boa ela não é, mas é tratável, não é uma sentença. Pessoas que trabalham intensamente continuaram trabalhando, e eu não sou diferente de ninguém;, afirmou a ministra. ;Tem um período que não posso viajar, não por cansaço ou por qualquer outra característica, é porque diminui a minha resistência. Nesse período, vou evitar contato com multidão;, acrescentou. Ciente do quadro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou a auxiliares de que viajará pelo país no segundo semestre para inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma foi internada às pressas, na madrugada de terça-feira, com fortes dores na perna. Foi um efeito colateral da segunda sessão de quimioterapia. Depois de passar por exames, como uma ressonância magnética, recebeu alta no meio da tarde do dia seguinte. ;Dei muitos telefonemas, passei e-mails. A tecnologia ajuda uma barbaridade;, comentou ontem sobre o período de recuperação. A ministra mencionou ainda um encontro que teve, na quarta-feira, ao deixar o Hospital Sírio-Libanês, com a apresentadora de TV Ana Maria Braga, que se curou de um câncer. ;Foi uma boa conversa. Acho ela uma pessoa fantástica, pela força que tem.; Palanque quase derruba Yeda A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), tomou um susto ontem, durante cerimônia de inauguração de uma rodovia estadual em São Valentim, no norte do estado. Ela discursava na solenidade quando as tábuas do palanque cederam. A governadora perdeu o equilíbrio, mas não chegou a cair. Amparada, a tucana saiu do palco no colo de um policial militar e continuou o discurso no chão. Ninguém ficou ferido. Yeda prometeu continuar inaugurando estradas desde que nenhuma ;hecatombe; aconteça. O governo vem apostando na inauguração de obras, sobretudo no interior, para responder às notícias negativas das últimas semanas. Os principais responsáveis pelas contas de campanha da governadora, em 2006, colocaram à disposição seus sigilos fiscais e bancários. De acordo com o presidente interino do partido à época, Bercílio Silva, a medida teve o objetivo de mostrar que não houve caixa 2 na campanha, conforme reportagem publicada pela revista Veja. ;Todo nosso sigilo fiscal e bancário está aberto, bem como as contas dos partidos de 2007 e 2008;, disse Silva. Ele e o ex-tesoureiro da campanha, Rubens Bordini, apresentaram na última quinta-feira, na sede do partido, em Porto Alegre, a prestação de contas do partido em 2006. No relatório, constam os R$ 200 mil doados por uma fabricante de cigarros que, segundo a revista, não foram contabilizados na prestação de contas. Segundo o ex-presidente do PSDB, o dinheiro foi doado ao partido e repassado à conta de campanha, que tinha um déficit de cerca de R$ 500 mil. ;Como na conta do PSDB podemos receber doações a qualquer momento, usamos para suprir as outras contas quando não fecham;, disse o tucano. Segundo ele, a operação foi legal e feita em outras campanhas. De acordo com Silva, o PSDB movimentou cerca de R$ 1,4 milhão em 2006, dos quais R$ 920 mil foram de doações de pessoas jurídicas e R$ 68,6 mil de pessoas físicas. Já em relação aos R$ 25 mil que, segundo a Veja, teriam sido arrecadados pelo vice-governador, Paulo Feijó (DEM), de uma concessionária de veículos, o ex-presidente afirmou que houve uma doação do DEM ao diretório municipal tucano no mesmo valor. De acordo com Silva, as contas de campanha da governadora e da campanha já foram aprovadas, mas como as doações foram feitas ao partido, não constavam da prestação de contas da eleição. ;Temos convicção que estamos plenamente amparados legalmente;, disse. A direção nacional do PSDB divulgou ontem manifesto de apoio à governadora. O documento é assinado pelo presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, pelo líder no Senado, Arthur Virgílio, e na Câmara, José Aníbal, além dos governadores tucanos de São Paulo, José Serra, de Minas Gerais, Aécio Neves, de Alagoas, Teotônio Vilela, e de Roraima, José de Anchieta Júnior. ;Estamos seguros de que a governadora saberá responder a cada uma das acusações que lhe são imputadas por seus opositores no estado;, diz o texto.

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