postado em 23/05/2009 09:04
Em viagem pela Arábia Saudita, China e Turquia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou em suspenso a possibilidade de se candidatar às eleições presidenciais de 2014. Lula negou, mais uma vez, o interesse em participar da disputa no próximo ano, após dois mandatos consecutivos, mas afirmou que a candidatura daqui a cinco anos é permitida pela Constituição. ;Eu não sei o que vai acontecer em 2010. Como é que vocês querem que eu saiba o que vai ocorrer em 2014? A única coisa que eu quero para 2014 é a Copa do Mundo, o que já está garantido;, disse em seguida.
Segundo o presidente, os planos para 2011 são ;ficar em casa e cuidar da família;. ;Quando terminei meu primeiro mandato na presidência do sindicato, falei que ficaria em casa. Mas depois eu fundei o PT e nunca voltei. Agora é a chance de voltar para casa e cuidar da vida, da família;, disse.
Apesar de o tema do terceiro mandato ter entrado em discussão mais uma vez no Congresso, o presidente afirma não concordar com essa teoria. Essa hipótese tem sido levantada informalmente como alternativa diante dos problemas de saúde da ministra da Casa Civil. Para o presidente, no entanto, o fato de a ministra anunciar o tratamento que faz para combater um câncer no sistema linfático pode aproximá-la do eleitorado e humanizar sua figura.
Mudança
O projeto de Lula, dizem petistas, seria voltar ao poder em 2014 ;nos braços do povo;, sem a necessidade de um desgaste político em busca de uma mudança na lei atual para continuar no poder. Por ora, ele afirma ter tempo suficiente para trabalhar. O presidente disse que não está preocupado com o que vai fazer depois do fim de seu mandato. ;Um ano e meio é muito tempo de governo. Nós temos muita coisa para fazer. Se eu parar para ficar pensando o que eu vou fazer em 2011, vou parar de governar e eu quero governar.;
Há cerca de 20 dias, ele reagiu com um gesto ríspido quando um ministro lhe contou que aliados se movimentavam para reapresentar a proposta de terceiro mandato. Depois, mandou dirigentes do PT enquadrarem os teimosos para não prejudicar a candidatura da ministra. Foi o que integrantes da bancada do PT fizeram na terça-feira com o deputado Fernando Marroni (RS), o mais novo porta-voz da ideia. Além disso, presidente avalia que ao eleger a ;mãe do PAC; não terá dificuldades em retornar ao Palácio do Planalto.
O alerta de Dirceu
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu criticou ontem a estratégia adotada por setores do PT e da base governista de apoiar a ideia de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar um terceiro mandato. Em artigo publicado no seu blog, intitulado Duas táticas?, Dirceu avalia que a insistência nesse movimento poderá inviabilizar as chances de vitória da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e produzir a derrota eleitoral do governo na corrida sucessória de 2010. No artigo, Dirceu defende abertamente a candidatura de Dilma, mas sem fazer referência ao tratamento contra um câncer ao qual a ministra vem se submetendo e que tem fragilizado sua resistência.
;Numa disputa presidencial não se pode ter duas táticas. Não tem como construir uma candidatura, a de Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, começar a seguir outra tática, a do terceiro mandato do presidente Lula;, afirma o ex-ministro no seu artigo, acreditando que a estratégia produz ;prejuízos; para a candidatura da ministra. ;Mesmo que essas iniciativas pró-terceiro mandato não tenham apoio ou sustentação no Congresso Nacional, que sejam posições individuais de parlamentares de alguns partidos, sem apoio de suas direções e lideranças, não devemos subestimar o prejuízo que podem provocar à pré-candidatura de Dilma Rousseff ao PT;, avalia.
Nos últimos dias, vários parlamentares passaram a defender publicamente a tese do terceiro mandato para Lula, especialmente depois que Dilma Rousseff teve que viajar às pressas para se tratar em São Paulo, por conta de uma reação ao tratamento quimioterápico que vem fazendo para combater o câncer.