Politica

Guias turísticos do Congresso pedem voto consciente a visitantes

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postado em 24/05/2009 09:02
Num momento em que o Congresso se vê rodeado de denúncias de mau uso do dinheiro público, há uma campanha extraoficial pela conscientização dos eleitores. Não há orientação, nem obrigação, mas alguns guias, responsáveis por apresentar como funciona a Câmara e o Senado aos visitantes, têm pregado a importância do voto e a necessidade de interagir mais com os representantes políticos.

A reportagem do Correio realizou duas visitas guiadas no Congresso em dias diferentes. Em ambas oportunidades, ouviu as recomendações sobre a necessidade do voto responsável, sobretudo quando se fala em farra das passagens aéreas, funcionários fantasmas, desvio do dinheiro público, direcionamento de licitação, suspeitas de enriquecimento ilícito e outros escândalos.
Mostrando a maquete das duas Casas do Congresso instalada no salão verde na Câmara, uma guia diz que os eleitores não podem simplesmente culpar os deputados pelos escândalos. ;O eleitor tem que votar direito, escolher bem quem ele quer que seja representado no Congresso;, recomendou.

A chefe da seção de visitação institucional, Deborah Achcar, em entrevista acompanhada pela assessoria de imprensa da Câmara, disse não haver nenhuma recomendação em prol da cidadania. Mas é defensora e entusiasta da campanha por mostrar aos visitantes todos os canais de interação com senadores e deputados eleitos. ;Sou filha da ditadura. Na minha época, a política era uma coisa fechada. Hoje ela está aqui aberta para todo mundo. É importante mostrar como o eleitor pode participar da vida legislativa;, afirmou Deborah. Ela mesma é guia nos finais de semana e se diz satisfeita quando percebe a reação dos visitantes às informações sobre participação legislativa e conscientização cidadã.

Feriado
A visita guiada do Congresso é bastante procurada. Em abril foram 17.692 pessoas. O ápice ocorreu em janeiro deste ano, quando houve aumento de 20% em relação ao mesmo mês do ano passado. Só no feriado de primeiro de maio, quase 1.500 pessoas passearam por Câmara e Senado. Foram 870 pela manhã e 800 à tarde. Os dados foram divulgados pela assessoria de imprensa.

Quem busca o passeio cívico espera ter acesso a mais informações sobre a interação política. É o caso do casal de administradores de empresa Otto Kiehn, 25, e Daiane Kiehn, 29. Eles disseram que gostariam de ter visto uma sessão plenária, mas, como era sexta-feira, não conseguiram. ;Falta a participação das pessoas. Nós deveríamos poder interagir com senadores e deputados, mas não existe isso;, afirmou Daiane.

Apesar de defender o voto consciente, o casal de Santa Catarina é cético em relação à classe política. ;Os políticos que vêm para cá já fazem parte de um grupo. Por mais que a gente vote em alguém que tenha vontade em fazer a diferença, se for eleito, vai encontrar os colegas que dão as cartas. Quem vem para cá com vontade para fazer a diferença vai morrer, é mais fácil ele ser corrompido;, afirmou a administradora.

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