postado em 26/05/2009 18:58
A estratégia do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) de se esquivar das perguntas do relator de seu processo por quebra de decoro parlamentar, Nazareno Fontelles (PT-PI) foi criticada por integrantes do Conselho de Ética. Para Fontelles, ao evitar os questionamentos, Edmar "agravou" sua situação. O órgão disciplinar suspendeu o interrogatório do deputado por causa do início da sessão no plenário. A reunião pode ser retomada ainda hoje.
"Eu acho que no contexto em que as coisas estão acontecendo são agravantes para a formação de juízo por parte de todos os membros do conselho", disse o relator.
Fontelles disse que preparou perguntas técnicas sobre as denúncias de uso irregular da verba indenizatória e considera "estranho" o deputado não querer responder. "Ele não responder no mérito as minhas perguntas é no mínimo curioso", afirmou.
O relator sustentou ainda que pretende levar em consideração o relatório elaborado pela comissão de sindicância criada pelo comanda da Câmara para fazer uma análise preliminar das acusações contra o deputado. "Tenho que levar em consideração que ele não desmentiu", disse.
Durante sua defesa no conselho, Edmar tem se esforçado para desqualificar o relatório da sindicância e afirmando que sofre perseguição política do DEM, seu ex-partido.
Na reunião de hoje, orientado por seus advogados, Edmar utilizou uma resposta padrão dizendo que não se posicionaria porque a pergunta não tinha relação direta com as denúncias de uso irregular de verba indenizatória e só falaria sobre o que "estivesse nos autos". Em outro momento, o deputado apenas leu parte de sua defesa que foi entregue ao órgão disciplinar.
O deputado se esquivou de responder os motivos que o levaram a pedir o ressarcimento da verba indenizatória dos serviços prestados por sua empresa de segurança apenas em maio de 2007, sendo que poderia ter solicitado o beneficio desde o início do ano.
Outra indagação do relator foi a contradição de Edmar durante depoimento na comissão de sindicância criada pela Câmara para fazer uma análise preliminar do caso. Para a sindicância, o deputado negou que tivesse recebido doações.
Segundo Fontelles, dados da Justiça Eleitoral mostram que durante a campanha de 2006 o deputado recebeu R$ 50 mil de uma instituição financeira. O banco era cliente da Ronda, uma das empresas do deputado. Edmar também resistiu a dar detalhes dos serviços prestados e dos contratos das empresas.