postado em 28/05/2009 08:35
Com a autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governistas do Senado discutem a possibilidade de deixar o PT de fora da relatoria e da presidência da CPI da Petrobras. A ideia foi colocada sobre a mesa de negociação como forma de ajudar nos esforços para ;distensionar; a relação entre petistas e peemedebistas. Além disso, serviria para aumentar a responsabilidade de outras legendas aliadas nos esforços para impedir que a investigação parlamentar atinja o Palácio do Planalto. A proposta prevê que o relator da comissão seja o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), considerado um dos quadros mais talhados na arte de desatar nós, sejam relacionados à tramitação de matérias, sejam a denúncias, contra o governo ou contra ele mesmo.
Já o presidente da CPI da Petrobras seria o senador Inácio Arruda (CE). Tendo como cabo eleitoral, entre outros, o deputado cassado e ex-ministro José Dirceu (PT), Arruda é do PCdoB, sigla que controla a Agência Nacional do Petróleo (ANP), um dos alvos da apuração. Além dessa credencial, tem como trunfo o fato de ser um parlamentar combativo e fiel a Lula, capaz de ;matar no peito; determinados desgastes a fim de livrar o governo de tal ônus. ;Ele também tem mais seis anos de mandato;, disse outro cacique petista defensor de Arruda, a fim de mostrar que o colega terá tempo de sobra para reverter eventuais desgastes de imagem durante a comissão.
Discutida ontem em conversas reservadas, a dobradinha Arruda-Jucá é uma alternativa ao plano alardeado em público. No caso, o senador João Pedro (PT-AM) na presidência e Jucá na relatoria. Pedro não chegou por meio de voto à Casa. Assumiu uma cadeira depois de Alfredo Nascimento (PR-AM) se licenciar do mandato para comandar o Ministério dos Transportes. ;Acho que temos de ir no passado. Eu defendo isso;, afirmou o petista. ;Temos que investigar os gestores do governo Fernando Henrique, o acidente da Plataforma P-36 e outros acidentes gravíssimos que aconteceram no governo anterior.;
Pacificação
Ontem, Lula recebeu, no Centro Cultural Banco do Brasil, o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP). Discutiram estratégias de atuação na CPI e em votações no plenário. A conversa foi uma espécie de afago ao petista, já que, no dia anterior, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), convencera Lula a deixar Mercadante de fora da comissão. Os dois senadores têm diferenças pessoais irreconciliáveis. A ambos, o presidente pediu que não deixem a rivalidade pessoal prejudicar a base aliada. A Petrobras já encaminhou um documento a parlamentares governistas com respostas contra as denúncias que recaem sobre a empresa.
O texto rebate a acusação de manobra contábil da Petrobras destinada a evitar o pagamento de R$ 4,3 bilhões em tributos no ano passado. Rechaça a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou indícios de superfaturamento na obra da Refinaria Abreu e Lima. E apresenta defesa no caso da Operação Águas Profundas, da Polícia Federal, que investigou contratos de reformas de plataformas da estatal em 2007.