postado em 28/05/2009 17:13
O PC do B protocolou nesta quinta-feira na Mesa Diretora da Câmara processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) que pendurou, em frente ao seu gabinete, um cartaz ofensivo aos militantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). O cartaz traz os dizeres "desaparecidos do Araguaia, quem procura [osso] é [cachorro]", com as imagens de um osso e um cachorro.
O cartaz se refere à busca de parentes de militantes mortos na guerrilha do Araguaia pelas ossadas dos desaparecidos na região.
O Ministério da Defesa criou um grupo de trabalho para procurar, recolher e identificar corpos de militares e guerrilheiros mortos durante a guerrilha.
"Trata-se de inegável ofensa moral aos familiares dos cidadãos e das cidadãs brasileiros que desapareceram na ditadura militar, em razão de terem participado da guerrilha do Araguaia, organizada na ocasião pelo PC do B.
Os desaparecidos do Araguaia foram presos e assassinados pelas tropas das forças armadas que foram designadas para combater o movimento", disse no pedido o líder do PC do B na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA).
Segundo o deputado, o cartaz de Bolsonaro se refere aos desaparecidos como "cães ou cachorros famintos" numa atitude que "ofende os sentimentos dos familiares e dos amigos destes brasileiros".
Almeida afirma, ainda, que o ato de Bolsonaro ofende o Poder Judiciário que reconheceu a responsabilidade da União pelo desaparecimento dos guerrilheiros.
"Qualificar todos e todas que se esforçam para que os desaparecidos e as desaparecidas na Guerrilha do Araguaia sejam localizados como cães à procurar de um osso e desejando o outro caracteriza ato que infringe as regras de boa conduta nas dependências da Câmara", diz a representação do PC do B.
Outro lado
Bolsonaro disse à *Folha Online* que não vai retirar o cartaz da frente do seu gabinete, a não ser que seja obrigado judicialmente a tomar essa atitude. O deputado disse que está "morrendo de rir" da representação do PSOL e "se lixando" para a iniciativa da legenda. "Não está na moda dizer que está se lixando? Então, eu também estou me lixando para isso", afirmou.
O deputado disse que as famílias dos mortos na guerrilha do Araguaia "não estão atrás de osso, mas de mais dinheiro da União" que pagou mais de R$ 3 bilhões de indenizações pelas mortes.
"Já não basta o que conseguiram, agora eles querem mais dinheiro. Querem se posar de vítimas, não têm história para contar. Esse pessoal tem que ficar no lixo da história, tem que dar graças a Deus que os militares naquela época impediram a esquerda de tomar o poder", disse Bolsonaro.