Politica

Senador ACM Júnior é sócio de empresa baiana patrocinada pela Petrobras

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postado em 30/05/2009 08:39
Em larga desvantagem numérica na CPI da Petrobras, com apenas três dos 11 titulares, a oposição escalou para seu time de investigadores um sócio de empresa promotora de eventos beneficiada com recursos da estatal. A Bahia Eventos Ltda., de propriedade da família do senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), recebeu, nos últimos meses, verba para organizar importantes festas do calendário cultural baiano, entre eles a última edição do Festival de Verão, realizado em janeiro passado com alguns dos expoentes da música pop nacional. Segundo dados da Petrobras, os patrocínios endereçados à Bahia Eventos somaram cerca de R$ 550 mil de setembro do ano passado para cá.

A empresa baiana é o braço de entretenimento da Rede Bahia, o conglomerado empresarial erguido pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), herdado por filhos e netos. Segundo os registros da Receita Federal, ela atua com ;artes cênicas, espetáculos e atividades complementares não especificadas anteriormente;. Além do Festival de Verão, para o qual recebeu ajuda da Petrobras no valor de R$ 330 mil, a Bahia Eventos abocanhou R$ 222 mil para a 10; edição do Festival de Lençóis (BA).

Ao propor a CPI, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) incluiu como uma das linhas de investigação os patrocínios firmados pela Petrobras. O interesse dos adversários do Palácio do Planalto nessas parcerias surgiu a partir de denúncias veiculadas pela imprensa de que a estatal teria ajudado a financiar os festejos de são-joão no interior da Bahia, com interesse especial por cidades administradas pelo PT. Se levantarem toda a lista, os senadores esbarrarão na empresa da família ACM.

Presidente
Tão logo foi protocolado o requerimento de criação da CPI, ACM Júnior se apresentou como candidato à presidência, elevado a esse status pelos líderes da oposição e com a bênção do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Seria uma opção cômoda para os peemedebistas, que teriam seu passe ainda mais valorizado. O PT chiou. A definição ficou para esta semana. O parlamentar do DEM encerra seu mandato em fevereiro de 2011 e analisa eventual disputa à reeleição. Estar à frente da comissão renderia a ele uma bem-vinda exposição em véspera de eleições. Mas tem a resistência petista. E, agora, a Bahia Eventos.

É mais uma variável no embolado cenário pré-eleitoral da Bahia. Publicamente, o PT afirma que terá candidato apenas para o governo ; o atual governador, Jaques Vagner ;, cedendo a aliados as vagas para a disputa ao Senado. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, é lembrado por petistas sempre que o assunto surge, mas ele garante que nunca se apresentou como tal e nem pretende fazê-lo. Gabrielli reforçou essa posição ontem ao Correio, por meio de sua assessoria de imprensa.

Procurado pela reportagem, ACM Júnior afirmou que o fato de ser sócio de empresa beneficiada com recursos da Petrobras não o desabona para a investigação parlamentar. O senador baiano explicou ainda que a Bahia Eventos recebeu recursos da estatal para a montagem de camarote no Festival de Verão e que não se tratava da cota majoritária de patrocínio destinada ao evento.

Argumento
A Petrobras informou que o contrato de patrocínio com a Bahia Eventos foi ;uma oportunidade para exibição da marca e aproximação com o público jovem;. A empresa tem procurado mostrar que a escolha dos eventos e projetos patrocinados por ela não segue critérios políticos, em resposta à acusação de que teria direcionado verbas para prefeituras petistas. Na avaliação de dois integrantes da base aliada consultados pelo Correio, que preferiram manter o anonimato, o financiamento feito à Bahia Eventos, de propriedade do senador ACM Júnior, chega para reforçar esse argumento.

Além dos patrocínios, a oposição pretende investigar supostas fraudes em licitações para reforma de plataformas de exploração de petróleo, apurados pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas, possíveis irregularidades nos contratos de construção de plataformas, apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e desvio de dinheiro dos royalties do petróleo, também investigado pela PF.

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