postado em 30/05/2009 08:42
Além de contar com a fidelidade dos senadores indicados para a CPI da Petrobras, o Palácio do Planalto aposta em dois aliados de fora do Congresso a fim de impedir que a comissão desgaste o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. São eles: as empreiteiras e os fornecedores que mantêm contratos com a empresa e os diretores da estatal, com destaque para os petistas. Segundo o governo, a atuação conjunta dos grupos colocará cabresto na alegada disposição da oposição para investigar a Petrobras. Seja por meio de argumentos técnicos, seja por ameaças.Desde a leitura do requerimento de instalação da CPI, senadores governistas conversam com representantes de construtoras sobre a necessidade de eles ajudarem a convencer tucanos e democratas a realizarem uma ;apuração responsável;. Nos encontros, os parlamentares lembram que suspeitas sobre as práticas da Petrobras podem atrapalhar a execução de projetos e contratos, tese esgrimida em público pelo próprio presidente da República. Uma sugestão acompanha o alerta: caso a argumentação não convença os oposicionistas, vale lembrá-los das eleições do ano que vem e, consequentemente, da importância das doações privadas para o sucesso das campanhas políticas.
Por enquanto, não há registro de que parceiros da Petrobras tenham aderido à estratégia urdida nas hostes governistas. Outra frente de pressão sobre PSDB e DEM pode ser aberta por diretores da estatal. Na semana passada, eles enviaram a petistas um documento com respostas técnicas para cada uma das denúncias que fundamentaram a instalação da comissão. Aos mais próximos, acrescentaram que estão dispostos a devolver os ataques da oposição na mesma moeda. Por exemplo: tornando públicas irregularidades cometidas pela estatal na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. ;Se derem chute na canela, haverá troco;, afirmou ontem uma estrela do PT.
;É bom que haja bom senso. Afinal, a guerra será para os dois lados;, reforçou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), favorito para relatar a CPI. A promessa de desforra aos tucanos já havia sido feita na quarta-feira, em público, pelo senador João Pedro (PT-AM), azarão na corrida pelo posto de presidente da comissão. Para o consultor Adriano Pires, fundador da Câmara Brasileira da Infraestrutura e ex-assessor da Diretoria-Geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), uma comissão parlamentar não era o melhor caminho para passar a limpo a Petrobras. Ele ressaltou, no entanto, que a falta de transparência da empresa em determinados casos e as manifestações ;arrogantes; de sua diretoria quando confrontada com problemas serviram de combustível para a apuração.
Condução
;Se for bem conduzida, a CPI fortalecerá a Petrobras. Ela pode mostrar que as decisões tomadas pela empresa foram corretas. Também pode dar transparência a erros cometidos e impedir que eles se repitam;, declarou Pires. ;O governo atual tem uma visão equivocada de achar que a Petrobras é dele. Além disso, acha ter o monopólio do bem-querer da empresa.;