postado em 01/06/2009 13:50
A um dia da instalação da CPI da Petrobras, os principais líderes alinhados com o Palácio do Planalto e responsáveis pela blindagem do governo e da estatal ainda se desentendem sobre os rumos da investigação. Senadores que acompanham as articulações sustentam que o clima entre o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), continua tenso em torno da definição do comando da CPI - que será oficializado nesta terça-feira.
Uma reunião que estaria sendo articulada pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney - ex-senadora que foi líder do governo no Congresso - entre a cúpula dos dois partidos pretende acalmar os ânimos. Roseana quer quebrar as resistências de Renan às indicações do líder do PT. A governadora esteve reunida na semana passada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tratou do tema.
Relatoria e presidência
Renan não tem demonstrado interesse em entregar a relatoria ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), nem a presidência a atual líder do governo Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC). Com essa movimentação do líder peemedebista, ganhou força a indicação do senador João Pedro (PT-AM) para comandar os trabalhos.
Para a relatoria, uma das opções lançadas pelo líder do PMDB seria o nome do senador Leomar Quintanilha (TO), que faz parte de sua tropa de choque. As divergências entre os líderes preocupam o governo. A avaliação é que um racha pode fortalecer a oposição e provocar a aprovação de requerimentos com a convocação de integrantes da cúpula do governo, além da inclusão de novas denúncias para serem investigadas pela CPI.
Diante das incertezas governistas, a oposição ainda tenta chegar a um acordo com os líderes do governo sobre a escolha dos ocupantes dos principais cargos da CPI. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM), afirmou que a oposição deve lançar candidato à presidência da CPI, provavelmente o senador Antonio Carlos Magalhães Junior (DEM-BA). "Vamos marcar nossa posição", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Aposta na confusão.
A aposta seria a confusão na CPI das ONGs. Para atender uma reivindicação do PC do B que tem interesse em defender e evitar constrangimentos a seus afilhados políticos na ANP (Agência Nacional do Petróleo), os governistas indicaram o senador Inácio Arruda (PC do B -CE) - que relatava a CPI das ONGs - para a CPI da Petrobras. A oposição então assumiu o controle das investigações da ONGs, passando a relatoria para o líder do PSDB, que pretende transformá-la na principal arma contra o governo. Com a manobra, os governistas voltaram Arruda para a CPI das ONGs, para tentar retomar a relatoria. No comando dessa CPI, DEM e PSDB já se preparam para colocar na pauta a convocação do assessor especial da presidência da Petrobras, Rosemberg Pinto, responsável pelo repasse de R$ 1,4 milhão para ONG ligada ao PT que organizou festas de São João na Bahia.