Politica

O trunfo eleitoral dos governistas

Um em cada três brasileiros receberá algum tipo de ajuda federal até o início de 2010

postado em 02/06/2009 08:13
O ano de 2010 se aproxima com uma realidade alarmante do ponto de vista social, mas estratégica sob o prisma eleitoral. Em alguns meses, 69 milhões de brasileiros receberão algum tipo de ajuda do governo federal para viver. Essa será a realidade de um a cada três brasileiros, no país de 190 milhões de moradores. Até lá, a cobertura de programas assistenciais ficará maior, pois o governo alega que ainda há demanda por ações de combate à fome e acesso a água tratada. Preocupada com o exército de famílias pobres que podem retribuir o auxílio oficial transferindo votos para o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição acusa o Executivo de usar a máquina para garantir vantagem nas urnas e planeja estratégia para neutralizar a suposta intenção eleitoreira do Palácio do Planalto. A assistência social tornou-se a marca do governo Lula, a dor de cabeça dos adversários e deve ser um dos pontos centrais do debate sucessório. Por isso o tema é tratado como prioridade do governo e observado atentamente por líderes da oposição. O assunto será o objetivo da próxima reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, marcada para a próxima quinta-feira, no Itamaraty. Sete ministros vão apresentar dados com a intenção de fortalecer a tese de que a renda gerada pelas políticas públicas ajudaram a amortecer, inclusive, os efeitos da crise econômica. O discurso norteará novos incrementos na rede de benefícios distribuídos pelo governo. O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome negocia com a área econômica a liberação de orçamento extra para ampliar, pelo menos, três programas existentes: o da construção de cisternas, o da compra de alimentos e o de cozinhas comunitárias. A intenção da pasta é entregar até o fim do ano mais 80 mil cisternas, além das 276 mil existentes, o que terá impacto sobre um conjunto de 500 mil pessoas. ;Apesar da quantidade de gente atendida pelos programas sociais, ainda há demanda por benefícios. Por isso, estamos negociando recursos extraordinários que possam suprir essa necessidade;, afirmou ao Correio a secretária-executiva do ministério, Arlete Sampaio. O planejamento anunciado do governo de estender o acesso a alguns programas de combate à fome faz parte de um pacote de medidas para reforçar a marca social do presidente Lula. Há 10 dias, o Ministério de Combate à Fome anunciou a inclusão de 1,9 milhão de beneficiários no Bolsa Família, o abre-alas de uma série de 20 programas tocados pela área social, que atendem a 67 milhões de pessoas. Para manter a rede de programas que vão desde os que transferem dinheiro direto para a conta dos beneficiados ; o caso do Bolsa Família ; como os de combate ao trabalho infantil ou à violência contra crianças e adolescentes, o governo gasta R$ 32 bilhões por ano. A oposição teme que o orçamento cada vez mais robusto para amparar os pobres e pessoas em vulnerabilidade social seja usado como um investimento para a disputa de 2010. ;Só os incautos não percebem que todos esses aumentos que vêm ocorrendo de seis meses para cá têm um viés eleitoreiro. O governo está juntando o útil, que é amparar os mais necessitados, com o agradável, de converter isso em voto para o futuro;, ataca o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). ;Propaganda; O tucano José Aníbal (SP) faz coro com Agripino. ;Em muitos casos, a complementação de renda é necessária, mas temos de ficar atentos para que isso não seja só uma série de propagandas oficiais, até porque esse governo usa tudo eleitoralmente, num descaramento absoluto;, critica o líder do PSDB na Câmara. Ele afirma que a oposição tem intensificado o debate sobre a origem de alguns programas sociais e insistido na tese sobre a necessidade de ações para diminuir a dependência das famílias. A retórica da oposição terá de ser forte o suficiente para fazer frente ao que tem sido a bússola do governo para conduzir a área social: ;A oposição está no papel dela de criticar, mas o presidente está aí com um grau de satisfação da sociedade que responde a essas críticas todas;, considera o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Ministro José Múcio fala sobre programas sociais Comentários do senador José Agripino Maia sobre o tema Opinião: se você tem alguma informação sobre o tema ou deseja opinar, escreva para leitor.df@diariosassociados.com.br

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