Politica

Líder ruralista cobra de Lula demissão de Minc

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postado em 03/06/2009 09:43
A presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), cobrou ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demissão do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), por ele ter chamado os grandes produtores rurais de "vigaristas", na quarta-feira passada. "Está havendo falta de atitude e de pulso por parte do governo. O presidente não pode permitir isso. Eu quero que ele [Minc] seja punido. Eu não sou a patroa dele; se fosse, ele seria demitido", afirmou a senadora. Kátia Abreu liderou a reação ao comportamento do ministro, também criticado ontem por colegas de governo. Minutos antes, ela mandara protocolar uma denúncia contra Minc na Comissão de Ética Pública do governo e uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo a abertura de processo por crime de responsabilidade. Ontem, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou requerimento que convoca o ministro para, no dia 17, esclarecer a declaração. Ao saber da reação da CNA, Minc não demonstrou preocupação. E ironizou: "Imagina! O presidente do Brasil não é a Kátia Abreu, é o Lula. Se fosse, a gente não ia ter Bolsa Família, ia ter Bolsa Latifúndio". Minc e Abreu estão em lados opostos do debate de mudanças no Código Florestal, que define limites de desmatamento. Nas ações protocoladas ontem, a CNA reproduz as palavras do ministro durante manifestação da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Minc buscava o apoio de pequenos agricultores contra mudanças na legislação ambiental. Os textos encaminhados à Comissão de Ética Pública e à Procuradoria Geral também criticam o fato de o ministro não reconhecer mudanças na legislação ambiental adotadas pelo Estado de Santa Catarina. "Ao revelar posição hostil aos produtores do setor rural, evidencia a parcialidade com que tem se conduzido à frente do ministério", afirma a representação enviada ao procurador-geral Antonio Fernando Souza, que não se manifestou ontem sobre a ação. Minc apresentou ontem novos dados sobre desmatamento na Amazônia de fevereiro a abril. A área devastada alcançou 197 km2 contra 1.992 km2 no mesmo período de 2008. Ou seja, houve redução de 90%, mas, de acordo com o ministro, a maior quantidade de nuvens neste ano pode ter impedido a captação de imagens de novas áreas desmatadas. Licenças ambientais Sem citar o nome de Minc, o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) afirmou que, assim como propôs a regularização fundiária da Amazônia, defenderá "dinâmica de regularização ambiental que enfrente problemas do mundo real e não uma batalha de rótulos ideológicos". Os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Alfredo Nascimento (Transportes), acusados por Minc de tentativa de sabotar a lei ambiental, não se manifestaram. Uma das razões da divergência entre Minc e Nascimento é a licença para o asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. O diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, disse que a licença não sai por motivo "tipicamente ideológico, não tem um milímetro a ver com preservação ambiental".

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