postado em 05/06/2009 08:30
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que Gilberto Carvalho não disputará o comando do partido e determinou a construção da candidatura do ex-senador e atual chefe da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra. O nome de Dutra será anunciado hoje em reunião, em São Paulo, da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), antigo Campo Majoritário.
As negociações para a consolidação do ex-senador por Sergipe se intensificaram nesta semana. Na terça-feira, 54 deputados de diversas tendências assinaram um manifesto defendendo que a disputa se limitasse a um único nome para não rachar a legenda. Apenas parlamentares da Articulação de Esquerda e Mensagem ao Partido ficaram de fora. Além do apoio do CNB, Dutra deve partir também com apoio de PT de Luta e de Massa, Novos Rumos para o PT e Movimento PT, que tem expoentes como a ex-ministra Marta Suplicy e os deputados Jilmar Tatto (SP) e Arlindo Chinaglia (SP).
Defensores da candidatura majoritária dizem que, se esse apoio se consolidar, Dutra terá maioria folgada para disputar a eleição interna. Chegam a inflar um percentual que vai de 65% a 70% do total dos votos do partido. Desde quando a presidência do partido era ocupada pelo deputado cassado José Dirceu, a eleição é acirrada e dificilmente sai um vitorioso em primeiro turno.
A opção por Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência da República, tinha como princípio consolidar uma candidatura consensual entre as tendências. O assessor direto de Lula teria mais fôlego para negociar os acordos do PT com os aliados em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O temor era que, sem Carvalho, o PT seria comandado por alguém que não tinha procuração de Lula. E isso era aplicado tanto para Dutra quanto para os outros supostos candidatos.
Como Lula determinou a Berzoini construir a candidatura de Dutra, ele sinalizou também que o futuro comandante do partido terá interlocução direta e aval para fazer as negociações. O ex-senador e atual presidente da BR Distribuidora precisará de fazer um trabalho dentro do partido. Alguns secretários nacionais da legenda reclamaram que ficaram sabendo de sua candidatura apenas pela imprensa e não tinham sido comunicados oficialmente. Dutra disse a aliados que só começaria a conversar com os petistas se tivesse o sinal verde de Lula.
Insatisfação
Apesar de tudo estar sendo negociado para lançar Dutra hoje, há insatisfações na cúpula do partido. Alguns dirigentes dizem que há tempo para negociar um outro nome com Lula. Eles argumentam que Dutra não tem perfil negociador, não é expoente dentro do partido, nem é próximo do presidente da República. Lula pediu a Berzoini conter insatisfações.
O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, disse que, apesar de o partido estar fechado sobre a candidatura de Dilma Rousseff, é preciso que o futuro presidente comece fortalecido no cargo. ;O PT está unificado em torno da Dilma. Todo mundo está satisfeito;, disse. ;É claro que um nome ligado ao Lula na presidência do PT daria mais estabilidade nas negociações;, acrescentou Ferreira.