Politica

Polícia do Senado fica fora da investigação envolvendo Zoghbi

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postado em 06/06/2009 08:18
A Polícia Federal conduzirá sozinha as investigações sobre supostas irregularidades em empréstimos consignados, envolvendo o ex-diretor de recursos humanos do Senado João Carlos Zoghbi. Sob a justificativa de que as denúncias ;ultrapassam o âmbito do Senado;, o Ministério Público Federal rejeitou o pedido da Polícia do Senado para prorrogar o inquérito que analisava as denúncias contra Zoghbi. A investigação ficará sob a responsabilidade do delegado Gustavo Buque, que já presidia o inquérito acerca da denúncia de que o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia teria chefiado um suposto esquema de desvio de recursos públicos em contratos terceirizados do Senado. O delegado terá, agora, que decidir se mantém ou não os indiciamentos da Polícia do Senado. Na Polícia Federal, predomina a impressão de que o Senado não quer a PF nas investigações. A corporação abriu um inquérito há 20 dias, mas até agora não recebeu nenhum dos documentos solicitados à Casa para iniciar a investigação, que vai apurar crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. A Polícia Federal requisitou todos os contratos de empréstimos consignados feitos pelo Senado nos últimos cinco anos. Inicialmente os pedidos foram feitos à presidência da Casa, por reiteradas vezes, mas a PF não obteve sucesso. Em seguida, novas requisições foram feitas ao senador Romeu Tuma (PTB-SP), que é corregedor do Senado. Por ter estreitas relações com a corporação, onde chegou a ser diretor-geral, a PF acreditava que Tuma atenderia os pedidos, o que também não aconteceu. Até agora, a PF recebeu apenas os depoimentos tomados pela Polícia Legislativa do Senado, mas que em nada ajudarão nas apurações. ;Precisamos ter os contratos dos empréstimos para iniciarmos os trabalhos;, afirma um dos investigadores destacados para atuar no caso. ;Antes de tudo, temos que saber se há alguma irregularidade para, depois, iniciarmos a fase de depoimentos;, acrescenta a fonte, ressaltando que o material enviado pelo Senado até agora chegou por interferência do Ministério Público Federal. O inquérito aberto pela PF foi requisitado pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que pediu a apuração de supostas irregularidades em empréstimos consignados. As investigações envolverão pelo menos 40 instituições financeiras, e não apenas o banco Cruzeiro do Sul, com o qual Zoghbi fez negociações consideradas suspeitas. A Polícia Federal também pretende reabrir parte da Operação Mão de Obra, realizada em 2006, cujo alvo eram empresas terceirizadas que prestavam serviços ao Senado. O inquérito da PF vai investigar ainda as denúncias de uma empresa de Zoghbi que teria recebido R$ 2,3 milhões do banco Cruzeiro do Sul como comissão por intermediar empréstimos. A firma teria sido aberta pelo ex-diretor do Senado em nome de sua babá, que ainda reside em sua casa. No fim do mês passado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), suspendeu os contratos da instituição com a Casa, até que investigações sejam concluídas. O banco nega as irregularidades. Porém, passados 20 dias de sua instauração, o inquérito da PF permanece parado. Buque, responsável pelas investigações, deverá pedir um novo prazo para concluir seu trabalho, já que terá apenas 10 dias para iniciar as apurações. O inquérito tem 30 dias para ser concluído, mas pode ser prorrogado pelo mesmo período.

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