postado em 08/06/2009 18:02
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) disse nesta segunda-feira que vai atender à convocação da Comissão de Segurança Pública da Câmara para explicar, amanhã, sua participação na "marcha da maconha", realizada no início de maio no Rio de Janeiro. Ao sinalizar ser favorável à descriminalização da maconha para o uso pessoal no país, Minc defendeu mudanças na legislação brasileira para que não haja punições aos usuários.
"Eu irei com alegria e satisfação [à Câmara] esclarecer a minha posição sobre esse problema, que aliás é muito parecida com a posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com a posição do governador Sérgio Cabral [Rio de Janeiro] e de oito ministros de Estado que acham que a questão de droga deve ser tratada com uma questão de informação, prevenção e saúde pública. E não achar que o consumidor, o usuário, é um criminoso", afirmou.
Em seminário no início deste ano, FHC disse que descriminalizar não significa "tolerância" ao consumo da droga no país, uma vez que é necessário "quebrar o tabu que bloqueia o debate". Cabral, por sua vez, também defendeu uma ampla discussão sobre a legalização do consumo da maconha por considerar o aumento da violência consequência do tráfico da droga.
Minc disse que, ao participar da "marcha da maconha", não feriu a legislação porque apenas propôs o debate sobre o tema. "O que eu quero é discutir a eficácia das leis. Eu pergunto: alguém em sã consciência acha que as atuais leis são eficazes, que as pessoas consomem menos, que os traficantes são mais fracos, que eles corrompem menos agentes públicos? Não", disse.
O ministro afirmou que seria uma "truculência" proibi-lo de discutir a descriminalização da maconha uma vez que tem autoridade para expressar a sua posição sobre o assunto.
"Enquanto puder, vou continuar discutindo. Eu queria agradecer os deputados que me convidaram porque é mais uma oportunidade do país debater em profundidade, não com dogma, não com preconceito, não tentando intimidar, até porque as pessoas já se deram conta que eu não sou pessoa que se intimida com esse tipo de coisa." *Convocação* Minc foi convocado a se explicar sobre a sua participação na "marcha da maconha" a pedido do deputado Laerte Bessa (PMDB-DF). O parlamentar considera que o ministro fez apologia à droga ao pregar a liberalização da maconha durante a marcha. No início de maio, cerca de mil pessoas participaram da marcha da maconha no Rio para defender a legalização do uso da erva no país. Minc acompanhou a marcha ao lado dos manifestantes, a maioria jovens, realizada na praia de Ipanema.