postado em 10/06/2009 11:37
Senadores da base aliada se articulam para esvaziar a sessão de instalação da CPI da Petrobras, marcada para esta quarta-feira. A estratégia tem como objetivo adiar novamente a instalação da comissão no Senado. A CPI não pode dar início oficialmente aos seus trabalhos se não houver quorum suficiente para a sessão. A reunião foi marcada para o meio-dia, mas a maioria dos parlamentares governistas agendou voos de volta aos seus Estados para o início da manhã de hoje.
Na véspera do feriado de Corpus Christi, os parlamentares devem esvaziar a sessão da CPI e os demais trabalhos no Congresso. Nos bastidores, líderes governistas admitem que a base aliada vai tentar protelar a instalação da CPI para o segundo semestre deste ano. Sem a reunião desta quarta-feira, uma nova tentativa seria instalar a comissão na semana que vem --mas o Congresso deve estar esvaziado em consequência das festas juninas no Nordeste. Em seguida, vem o recesso parlamentar do mês de julho.
Oficialmente, os governistas afirmam que o motivo dos sucessivos adiamentos é a falta de acordo com a oposição em outra CPI, que investiga as ONGs. Como o presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), designou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) para a relatoria da comissão, os governistas prometem impedir a instalação da CPI da Petrobras até que o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) seja reconduzido à relatoria.
Relatoria
Arruda perdeu a relatoria ao tornar-se suplente da CPI das ONGs para assumir uma vaga de titular na CPI da Petrobras. Como o regimento do Senado não permite que um suplente da comissão seja relator, Heráclito designou o tucano para o cargo. "A bancada governista entende que, enquanto não for resolvido o impasse na CPI das ONGs, é muito complicado instalar uma nova CPI no Senado", disse o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL).
Renan nega que o impasse entre o PT e o PMDB para a escolha do presidente e relator da CPI da Petrobras seja o motivo dos sucessivos adiamentos para a instalação da comissão. "Na hora em que soubermos que ela vai ser instalada, o PMDB vai escolher o relator de acordo com o perfil da comissão" disse.
Crise
Além do impasse em torno dos cargos de comando da CPI da Petrobras, os governistas consideram outro problema para a instalação da comissão: o rumo que as investigações vão tomar. Os governistas temem que a oposição politize as investigações sobre a estatal em meio à crise econômica internacional, com danos à imagem da empresa.
"Eles inventaram esse pretexto da CPI das ONGs para ganhar tempo. Mas eles sabem que têm problemas na Petrobras, as denúncias chegam aos montes. Eu não me surpreendo que eles queiram novamente adiar a instalação da CPI", disse Arthur Virgílio.