postado em 12/06/2009 11:49
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta sexta-feira que "um acordo entre Mercosul e a UE [União Europeia] é importante", apesar de a prioridade brasileira ser a conclusão do ciclo de negociações da Rodada Doha de liberalização comercial global no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Se houvesse um acordo entre Mercosul e UE, seria um bom sinal" para as discussões na OMC, já que seria "uma forte incitação" para que os Estados Unidos se implicassem nas negociações multilaterais sobre a liberalização do comércio mundial, afirmou Amorim em Paris.
O ministro, que participou ao lado do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de um seminário da cátedra Mercosul do Instituto de Estudos Políticos de Paris, ressaltou que os países sul-americanos e da UE compartilham o "apego ao multilateralismo".
Ele insistiu em que, para o Brasil, fechar o ciclo de negociação da organização multilateral é uma "prioridade", porque "não há alternativa" ao que isso significa de regras sólidas no comércio multilateral.
Principalmente, acrescentou, para um país como o Brasil, que diversificou muito as trocas comerciais nos últimos anos, de modo que, no ano passado, o restante da América Latina significou 26% do total, a UE, 24%, a Ásia, 16%, os Estados Unidos, entre 13% e 14%, e a África com os países árabes, 10%.
Essa diversificação "é uma das razões pelas quais a economia brasileira foi menos afetada pela crise", defendeu.
O chanceler considerou que o fracasso, em julho do ano passado, na hora de conseguir um compromisso na OMC quando se estava "muito perto" foi causado por "dificuldades vinculadas aos calendários eleitorais" dos Estados Unidos e da Índia.
Segundo ele, em Washington faz falta "uma visão política" que vá além da contabilidade das forças no Congresso ou dos grupos de pressão.
Lamy, por sua parte, afirmou que "seria bom que se o fim da crise se confirmar para meados de 2010, esse horizonte coincida com a conclusão da negociação" na organização.
"Há uma oportunidade que deve ser aproveitada", acrescentou o diretor-geral da OMC, que ressaltou que há um primeiro encontro de responsáveis de Comércio no final do mês em Paris, coincidindo com a reunião ministerial anual da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).