postado em 16/06/2009 12:13
Bombardeado por denúncias de corrupção e má gestão administrativa, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve fazer um pronunciamento em plenário na sessão da tarde desta terça-feira (16/6), de acordo com a assessoria de imprensa do parlamentar. Antes mesmo de chegar à Casa, no fim da manhã, Sarney mandou que sua assessoria comunicasse que não daria entrevistas e, ao chegar, resumiu suas declarações a ;bom dia" e ;não vou falar nada;.
A informação confirmada pela 1ª Secretaria da existência de mais de 300 atos administrativos secretos editados na gestão do ex-diretor-geral, Agaciel Maia, atingiu diretamente Sarney.
A 1ª Secretaria já tem pronto o levantamento de todos os atos secretos assinados na gestão Agaciel Maia. O número exato, no entanto, ainda não foi divulgado uma vez que Heráclito Fortes (DEM-PI) está em São Paulo recuperando-se de uma cirurgia de redução de estômago. Ainda não se sabe se Sarney levará a conhecimento público o número de atos no pronunciamento de hoje.
Notícias veiculadas pela imprensa dão conta de que, nestes atos, constam contratações de parentes e amigos de Sarney. Um deles, o neto de 22 anos João Fernando Michels Gonçalves Sarney, foi contratado pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA).
Sobre este caso específico, o presidente do Senado negou que o neto tenha sido contratado por meio dos atos secretos e mostrou o boletim administrativo onde constava o ato de nomeação para trabalhar com o senador.
Na mesma entrevista, José Sarney disse que daria publicidade a todos os atos administrativos secretos. Estes atos, entretanto, estão sendo publicados nos boletins administrativos, com datas retroativas, o que dificulta a identificação das decisões tomadas pela atual Mesa Diretora e o que é resquício de presidências anteriores, quando Agaciel Maia comandava toda a estrutura administrativa.
Essa não foi a única denúncia que recaiu na gestão da terceira presidência de Sarney. O parlamentar teve ainda que lidar com informações de corrupção nos contratos feitos na gestão de Agaciel Maia e do então diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi.
A reação foi determinar a instalação de uma comissão de sindicância para investigar as ações de João Carlos Zoghbi e, também, a abertura de inquérito para que a Polícia do Senado apurasse a denúncia de que ele intermediava em benefício próprio contratos para concessão de empréstimos consignados a servidores. Quanto a Agaciel Maia, o presidente do Senado pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que auditasse os contratos de sua gestão.
Neste meio tempo, tanto Agaciel Maia quanto Zoghbi foram afastados dos cargos. A crise no Senado, no entanto, não arrefeceu. Na sexta-feira (12), com base no resultado da comissão de sindicância que investigou João Carlos Zoghbi, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes, determinou a abertura de processo administrativo e de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do servidor.