Jornal Correio Braziliense

Politica

Cobrança por resposta efetiva de Sarney à crise no Senado só aumenta

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A crise que se instalou no Senado deve levar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), a fazer um pronunciamento na tarde desta terça-feira tarde (16/6). A expectativa é de que o senador fale sobre os atos secretos, usados, entre outras coisas, para a nomeação de parentes e amigos de senadores. A estimativa é de que os atos secretos sejam mais de 300, muitos em vigência há mais de dez anos. A cobrança por uma resposta efetiva aos escândalos que assolam a Casa só aumenta. Esta tarde a bancada do PSDB no Senado se reuniu durante almoço na casa de Tasso Jereissati (PSDB-CE). O líder tucano, senador Arthur Virgílio, antes de encontrar com seus colegas de partido, fez duras críticas à gestão de Sarney à imprensa. ;A crise não é nova, essa crise é velha. Não quero trabalhar para colocar a culpa no mordomo. Afastar o diretor-geral não basta;, disse. O senador Virgílio se referia ao possível afastamento do atual diretor-geral da Casa, Alexandre Gazineo. O líder tucano complementou sua fala dizendo que ;ainda; não se sente ;maduro; para pedir em plenário a renúncia de José Sarney. O líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR), tentou amenizar a situação. ;O senador Sarney está tomando providências à medida que as coisas estão aparecendo e esse é único modo de fazer. O que ele precisa e vai fazer é mostrar o encaminhamento que tem dado para solucionar essas questões;, defendeu. O senador Jucá também condenou qualquer interferência da Polícia Federal ou do Ministério Público Federal na investigação sobre a origem e função dos atos secretos. ;Acho que o próprio Senado deve apurar tudo isso;, opinou. "Afastar Gazineo não é suficiente" Arthur Virgílio disse ainda que não se dará por satisfeito apenas com a substituição do diretor-geral da Casa. Segundo o senador o Senado não pode mais fazer ;reformas de mentirinha;. ;A simples substituição do Gazineo não me parece suficiente. Eu quero ouvi-lo (Sarney). O mínimo que ele pode fazer é assumir a sua parcela de culpa e dar explicações. O 'eu não sabia' não pode servir de desculpa para tudo;, sustentou Virgílio. O senador tucano terminou sua fala com uma alfinetada ao presidente do Senado. ;Se eu soubesse que a minha saída seria uma coisa boa para a Casa, sairia hoje daqui.; Votação A polêmica sobre a crise institucional que abala o Senado deve comprometer o andamento das votações. Além da polêmica sobre os atos secretos, existe ainda um impasse que paralisa a Casa: a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá investigar a Petrobras. Trancando a pauta de votações está a Medida Provisória 459, que trata do programa habitacional do governo federal ;Minha Casa, Minha Vida;. O projeto prevê a construção de um milhão de casas para a população de baixa renda e é relatado no Senado pelo senador Gim Argello (PTB-DF). A queda de braço entre governo e oposição ainda não se definiu. Por enquanto, permanece tudo como estava: Arthur Virgílio não abrirá mão da relatoria da CPI das ONGs. O governo, por sua vez, deve continuar impedindo a instalação da CPI da Petrobras. Entre os itens da MP que devem causar polêmica está o que estipula a regularização de condomínios do Distrito Federal por venda direta dos terrenos.