Politica

Cristovam diz que atos secretos que omitiram exoneração da mulher dele foram usados para intimidá-lo

postado em 20/06/2009 09:04
O conteúdo dos atos secretos, que por mais de uma década serviram para nomear, promover e conceder gratificações a parentes e amigos de senadores de várias legendas, agora é usado para chantagear parlamentares no Senado. O primeiro senador a levantar publicamente a suspeita de que a nomeação de sua esposa na liderança do PDT foi usada para intimidação foi Cristovam Buarque (PDT-DF). Gladys Pessoa de Vasconcelos Buarque, servidora da Câmara há mais de 26 anos, foi nomeada assistente parlamentar, em janeiro de 2007, na liderança do partido de Cristovam. O ato da nomeação foi divulgado ontem, por e-mail, a vários jornalistas. %u201CA nomeação dela foi mostrada, mas o ato em que ela é devolvida à Câmara dos Deputados foi omitido%u201D, contou o senador. O Correio fez uma pesquisa no sistema de normas administrativas do Senado e encontrou o ato de nomeação de Gladys, que data de 9 de janeiro de 2007. Um dia depois, a nomeação da mulher de Cristovam foi publicada no boletim administrativo de pessoal da Casa. No entanto, o ato que torna sem efeito a indicação e a devolve para a Câmara não estava disponível para consulta até a tarde de ontem. Segundo Cristovam, Gladys começou a trabalhar na Câmara em 1983, quando ele ainda era professor universitário. %u201CO clima é de chantagem mesmo. Ela permaneceu na liderança do PDT por apenas 40 dias, e decidiu deixar o cargo quando lhe ofereceram uma gratificação%u201D, detalhou o senador do DF. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), não acredita que Cristovam seja o único a ver os atos secretos serem usados como arma contra o mandato. Ele credita o achaque ao grupo ligado ao ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. %u201CO assunto Agaciel não circula com tranquilidade pela boca dos senadores. Ele (Agaciel) sabe quem viajou, para onde foi e com quem foi. Sabe onde foram feitas nomeações que pudessem intimidar senadores. Notei que havia silêncio no plenário quando se falava de atos secretos. Intuí certo. Esses atos estão sendo usados para fazer achaque%u201D, sustenta o tucano. Cristovam prefere não dar nomes, mas provoca: %u201CQuem tem acesso aos atos? Isso é usado para fazer com que quem tem rabo preso fique calado. Eu vou me fortalecer. Isso não vai fazer com que eu deixe de tomar partido%u201D. Ainda ontem, José Sarney anunciou a criação de uma comissão de sindicância que irá investigar os responsáveis pela não publicação de atos internos do Senado.

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