postado em 24/06/2009 15:48
O procurador da República Mário Lúcio Avelar pediu à Justiça Federal de Cuiabá (MT) a quebra do sigilo telefônico do gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa.
Santarosa é suspeito de envolvimento com o escândalo dos "aloprados", em que petistas negociavam a um dossiê contra tucanos para usar nas eleições de 2006.
O procurador acompanha o caso desde a noite de 15 de setembro de 2006, quando a Polícia Federal prendeu dois petistas com reais e de dólares. Na ocasião, foram apreendidos R$ 1,7 milhão com petistas em um hotel em São Paulo.
Detidos em flagrante num quarto de hotel, Valdebran Padilha e o então assessor da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gedimar Passos, disseram que se encontraram para negociar um dossiê contra tucanos. Na ocasião, Lula batizou os petistas que atuaram na operação de "aloprados".
O caso foi apurado na CPI dos Sanguessugas, que concluiu haver indícios de pessoas ligadas à Petrobras no episódio, e recomendou à Procuradoria e à PF que investigassem a suspeita.
Tanto Santarosa quanto o empresário Paulo Eduardo Nave Maramaldo, sócio da empresa NM Engenharia, trocaram ligações com Hamilton Lacerda no período de negociação do dossiê. Ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lacerda foi identificado pela PF como o homem que transportou o dinheiro (que seria usado na aquisição do material contra o PSDB.
O procurador afirmou à *Folha Online* que quer investigar os contratos da estatal com a NM Engenharia e Anticorrosão, contratada da estatal.
O inquérito concluído pelo delegado da PF Diógenes Curado Filho aponta que o dinheiro apreendido saiu do caixa dois da campanha de Mercadante, que disputava o governo de São Paulo. O policial indiciou o senador, os dois detidos no hotel e outras quatro pessoas por crime eleitoral.
Como Mercadante foi citado, o caso subiu para o STF (Supremo Tribunal Federal), único que pode investigar um senador. A Corte, no entanto, anulou o indiciamento por ausência de provas. Depois disso, o inquérito retornou para a Justiça Federal de Cuiabá (MT). A reportagem já entrou em contato com a assessoria da Petrobras para comentar o assunto e aguarda um retorno.