postado em 29/06/2009 13:06
O Conselho de Ética da Câmara vai votar nesta quarta-feira o relatório do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), que pede a cassação do mandato do deputado Edmar Moreira (sem-partido-MG) por quebra de decoro parlamentar. O parecer foi apresentado no último dia 17, quando houve pedido de vista, adiando a sessão.
Em seu relatório, Fonteles afirma haver indícios da não prestação dos serviços de segurança nas empresas da família de Moreira, apesar de o deputado ter justificado o uso da verba indenizatória da Casa para a sua segurança pessoal. Na opinião de Fonteles, o uso da verba indenizatória no pagamento de serviços de segurança em empresas de Moreira "violou os princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade e da moralidade".
O relator afirma que o parlamentar não negou ter utilizado a verba indenizatória da Casa para pagar serviços de segurança prestados por empresas de sua família, o que constitui, segundo Fonteles, procedimento incompatível com o decoro parlamentar. "O princípio da moralidade traduz o raciocínio de que os agentes públicos não devem somente obedecer e estar em conformidade com a lei, mas em suas atividades, no seu agir, trilhar nas sendas do que é justo, honesto e probo", diz o relator no parecer. "A conduta do representado está plenamente caracterizada como procedimento incompatível com o decoro parlamentar", afirma.
Acusações
Moreira é acusado de justificar gastos com a verba indenizatória - benefício mensal de R$ 15 mil para deputados cobrirem gastos nos Estados - com notas fiscais de suas próprias empresas. Na época não existia uma regra clara sobre essa prática. A suspeita é de que os serviços não eram prestados.
Outra questão que complica o caso de Edmar, que é dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões, é o fato de que o valor gasto pelo deputado com os serviços de segurança é o dobro previsto na Lei de Licitações. Em depoimento no Conselho de Ética, ele também se complicou ao evitar responder perguntas do relator e ao se contradizer sobre a relação com o tenente reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Jairo Lima - apontado por ele como responsável por sua equipe de segurança.
Lima foi funcionário do gabinete do filho de Edmar, o deputado estadual Leonardo Moreira (DEM-MG), que acompanhou ao lado do pai e do irmão Júlio a leitura do parecer de Fonteles ao Conselho de Ética. A suspeita é que Lima seria laranja do deputado para comprovar os serviços de segurança privada pagos com a verba indenizatória.
O contrato assinado por Lima não tem data comprovando quando foi assinado e nem especifica o serviço prestado. Edmar nega as acusações e afirma que seu processo por quebra de decoro parlamentar foi um "cala boca" e que ele foi o "boi de piranha" para desviar o foco dos escândalos que atingiram a imagem da Câmara desde o início do ano.