postado em 29/06/2009 15:48
Na tentativa de evitar que novos pedidos de afastamentos se repitam na tribuna do Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), encaminhou neste fim de semana uma carta aos 80 colegas se defendendo das denúncias de que seu neto teria sido favorecido em negociações com a instituição. Sarney reconhece que uma empresa de José Adriano Sarney intermediava empréstimos consignados para servidores da Casa, mas afirma que não interferiu nos negócios do neto. "Nenhuma ligação pode ser feita entre a minha presidência e o fato objeto da reportagem. Quero também comunicar-lhe que pedi à Polícia Federal que investigue todos os empréstimos consignados no Senado e as empresas que os operam", afirma o documento. As bancadas do PT, PSDB e DEM devem se reunir nesta semana para fechar um posicionamento sobre a permanência de Sarney no cargo.
Os partidos devem defender que ele se afaste dos processos que apurem as denúncias de irregularidades na Casa, mas fique no comando do Senado. Senadores do DEM avaliam que abandonar Sarney seria o mesmo que desamparar o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). Os petistas também seguram o tom do discurso com a interferência do Palácio do Planalto. A posição dos tucanos tem sido moderada, mas o líder da bancada, Arthur Virgílio (AM), que se viu envolvido diretamente nas denúncias afirma que não vai esperar a decisão do partido para agir e propor nesta segunda-feira uma representação contra Sarney por quebra de decoro parlamentar. A pressão pela saída de Sarney aumentou depois da descoberta que seu neto é dono de uma empresa que negocia contratos de empréstimos consignados com funcionários do Senado.
Vários parentes de Sarney foram empregados em gabinetes de outros senadores por meio de nomeações em atos secretos. Em nota divulgada na quinta-feira, o presidente do Senado afirmou que existe uma "campanha midiática" contra sua permanência no comando da Casa porque apoia o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sarney disse que seu neto tem qualificação profissional para intermediar empréstimos consignados entre instituições bancárias e servidores do Senado. "As explicações do meu neto, pessoa extremamente qualificada com mestrado na Sorbonne e doutorado em Havard, são suficientes para mostrar a verdadeira face de uma campanha midiática para atingir-me na qual não excluo a minha posição política, nunca ocultada, de apoio ao presidente Lula e seu governo", disse. Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o esquema de empréstimo consignado para servidores do Senado inclui entre seus operadores o neto do peemedebista.
Segundo o jornal, de 2007 até hoje a empresa de José Adriano teve autorização de seis bancos para intermediar a concessão de empréstimos com desconto na folha de pagamento. Adriano Sarney é filho do deputado Zequinha Sarney (PV-MA). O neto do presidente do Senado disse, na reportagem, que sua empresa fatura por ano menos de R$ 5 milhões. De acordo com o jornal, José Adriano abriu a empresa quatro meses depois que o então diretor de Recursos Humanos da Casa, João Carlos Zoghbi, inaugurou assessoria para intermediar os contratos no escândalo que o afastou do cargo.