postado em 30/06/2009 08:07
As despesas médicas da Câmara dos Deputados também têm subido a ladeira ao longo dos últimos anos. Levantamento do Correio em um banco de dados oficial sobre execução orçamentária mostra que os gastos com ;serviços médico-hospitalares, odontológicos e laboratoriais; custaram R$ 29,6 milhões nos primeiros seis meses deste ano. A quantia corresponde a cerca de 72% do valor desembolsado em 2008. Outros números da planilha reforçam a escalada de custos. Em 2004, por exemplo, a fatura foi de R$ 24,6 milhões.
[SAIBAMAIS]
Um ano depois, quando a Casa teve os deputados Severino Cavalcante (PP-PE) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como presidentes, o valor pulou para R$ 31,6 milhões. Em 2006, chegou a R$ 36,2 milhões.
Nos dois anos seguintes, durante o mandato de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à frente da presidência da Câmara, as quantias continuaram a subir, alcançando as cifras de R$ 38,2 milhões e R$ 41 milhões, respectivamente. Ou seja, entre 2004 e 2008, o aumento nas despesas foi de 66%, contra uma inflação oficial de 26%.
No fim do ano passado, o petista ensaiou medidas de redução de gastos na área médica e tentou, por exemplo, incluir os parlamentares no plano de saúde dos servidores, colocando um fim aos ressarcimentos de livre escolha, que não possuem limites de gastos. A ideia sofreu resistências, e tudo continuou como estava originalmente.
Justificativas
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), segundo vice-presidente da Câmara, afirma que os gastos registrados neste ano não são resultado do aumento dos ressarcimentos feitos aos parlamentares. Decorreriam, entre outros, da manutenção do departamento médico da Casa. ;Não há sinal de que os gastos com despesas médicas de deputados aumentem este ano. Acompanhamos mês a mês e a média é igual à observada nos anos anteriores. Esse valor alto só pode ser pelo aumento de outras despesas e serviços. Em relação a reembolsos feitos a parlamentares, não é;, diz.
De acordo com ACM Neto, até o fim de 2009 as contas com despesas médicas de parlamentares devem chegar a R$ 3 milhões, que seria a média anual nas duas últimas legislaturas. A administração da Câmara afirma que o aumento dos custos com planos de saúde dos servidores é normal, visto que os preços cobrados por associado crescem de forma proporcional à idade dos funcionários. Na prática, quanto mais aposentados e servidores ativos mais velhos, maiores os custos com o plano.
Para entender a escalada de gastos com serviços médicos e estudar possíveis soluções para a redução das despesas, o primeiro-secretário da atual Mesa Diretora, Rafael Guerra (PSDB-MG), pediu um estudo a técnicos da Casa com detalhes sobre o funcionamento e as regras do atual sistema de gestão dos planos de saúde e do departamento médico da Câmara.