Politica

Duas CPIs para amenizar crise do Senado e preservar Sarney

postado em 30/06/2009 08:14
Duas comissões parlamentares de inquérito e, em troca, um pouco de sossego ao presidente do Senado, José Sarney. Interessados em tirar de foco as denúncias sobre atos secretos e a série de reportagens que deixou Sarney na defensiva, os líderes aliados ao governo decidiram instalar a CPI da Petrobras e, ao mesmo tempo, indicar, ainda nesta semana, os integrantes da CPI que investigará suspeitas de irregularidades em obras tocadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). [SAIBAMAIS] O pedido de criação da CPI da Petrobras está em estado de hibernação há um mês. E, agora, a data de instalação coincide com o dia em que o PSol promete entrar com uma representação contra Sarney. No que se refere à CPI da Petrobras, a intenção é fazer do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), relator, e do petista João Pedro (AM), presidente. Os governistas tentarão controlar o ritmo da CPI e fazê-la funcionar só em agosto. Se a oposição chiar, os governistas vão dizer que seus adversários fugiram da investigação. Manobra arriscada A intenção do governo, discutida em sucessivas reuniões de líderes é, em último caso, incensar a CPI do Dnit e, aos poucos, retirar combustível da CPI da Petrobras. Os governistas não arriscam dizer se a manobra será bem-sucedida, até porque nesse período em que a CPI esteve na gaveta, Sarney ficou numa posição cada vez mais delicada. Chegou ao ponto de, no último domingo, o presidente da Casa se ver obrigado a enviar uma carta aos 80 senadores para explicar o episódio envolvendo o seu neto, José Adriano, e os créditos consignados. No documento, Sarney afirma que, quando o HSBC passou a operar crédito consignado e seu neto abriu uma firma, ele não era presidente do Senado. E acrescenta que, quando assumiu o comando da Casa, a Sarcris, empresa da qual seu neto é sócio, já estava descredenciada. Da parte do Poder Executivo, o presidente Lula reiterou o apoio ao senador peemedebista. A carta vem sob encomenda, às vésperas de reuniões do PT e do DEM para avaliar a crise no Senado. O PT pretende fechar com Sarney e o DEM, cobrar explicações. O líder do partido, José Agripino (RN), estica a corda: "Tenho uma posição clara: para o Senado fazer as investigações que precisa, não tem outro caminho senão uma licença temporária de Sarney", afirmou, citando o escândalo envolvendo o então presidente da Casa, Renan Calheiros, em que não houve a licença e a crise só se agravou.

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