Pressionado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve se reunir ainda hoje à noite com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir sua permanência no cargo. Partidos de oposição e da base aliada pedem que Sarney se licencie do cargo enquando durarem as investigações sobre os atos secretos do Senado e os empréstimos consignados para funcionários da Casa. [SAIBAMAIS] Aliados dizem que Sarney só oficializará sua decisão após se encontrar com Lula. O presidente deve chegar ao Brasil por volta das 23h depois de uma viagem internacional. Inicialmente, o encontro entre eles deveria ocorrer somente amanhã de manhã. Mas interlocutores afirmam que a conversa pode ser antecipada para hoje à noite. A pressão pela saída de Sarney aumentou depois da descoberta que seu neto é dono de uma empresa que negocia contratos de empréstimos consignados com funcionários do Senado. Vários parentes de Sarney foram empregados em gabinetes de outros senadores por meio de nomeações em atos secretos. Reunido coma bancada do PT no Senado, Sarney foi aconselhado a esperar por Lula antes de tomar qualquer decisão. Após duas horas de reunião, o PT adiou de ontem à noite para hoje uma definição se vai apoiar ou pedir o afastamento do presidente do Senado. DEM, PSDB e PDT pediram o licenciamento do político, envolvido em escândalos na Casa. Segundo o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), o partido vai apresentar a Sarney propostas para contornar a crise que arranha a imagem da instituição. Para a oposição, o afastamento é importante para dar credibilidade às investigações. Em sua única manifestação oficial ontem, a assessoria do peemedebista informou que "a hipótese de afastamento não está em análise". Sarney presidiu a sessão pela manhã no Senado, mas não a da tarde, como estava previsto. No entanto, Sarney chamou ontem à sua residência, no Lago Sul, os três filhos: Roseana, Zequinha e Fernando e, pela primeira vez, cogitou deixar o comando da Casa. Bode expiatório
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), afirmou que seu pai é o "bode expiatório" da vez. "Essas denúncias não são de agora. Acredito que meu pai esteja sendo um bode expiatório. Acho que a crise é responsabilidade de todos os senadores. Eu me incluo porque já fui senadora.(...) Dizem no Maranhão que dance quem dance quem dá pulo é José." Roseana evitou, no entanto, comentar sobre o possível afastamento de Sarney do comando do Senado. "Estamos do lado dele, acho que ele tem maturidade e experiência para decidir sobre isso. Ele é uma figura importante para o Senado e para o Brasil."