postado em 03/07/2009 18:26
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse hoje que a falta de explicações convincentes, por parte do senador José Sarney (PMDB-AP), quanto à omissão na declaração à Justiça Eleitoral da casa onde mora, avaliada em R$ 4 milhões, mostra a "fragilidade" dos argumentos utilizados, até agora, para justificar a permanência de Sarney na presidência do Senado. "É um fato que agrava ainda mais sua situação", afirmou.
Demóstenes argumentou que a ocultação de bens à Justiça Eleitoral é um crime contra a fé pública. Ele questionou, igualmente, o fato de Sarney ter registrado somente no ano passado a casa que comprou do banqueiro Joseph Safra em 1997, "e o fez por um valor histórico", constatou, referindo-se ao valor de R$ 800 mil, que, segundo documentos de cartório, foi pago meio a meio pelo senador e por seu filho, deputado Zequinha Sarney (PV-MA). "Esse valor possivelmente daria para construir o muro da residência", ironizou.
Demóstenes apoiou a iniciativa do PSOL de juntar a nova denúncia à representação contra Sarney que o partido protocolou na última terça-feira, por quebra de decoro parlamentar. Quanto ao movimento patrocinado por senadores do PMDB e do PT, de transferir aos democratas a responsabilidade pelos desmandos administrativos do Senado - pelo fato de caber ao partido a indicação do primeiro-secretário da Casa -, o presidente da CCJ disse que essa tese não tem sustentação porque a Mesa Diretora é igualmente composta por parlamentares de outras legendas e, portanto, eles deveriam estar a par de contratos suspeitos de superfaturamento assinados na gestão dos senadores Romeu Tuma (PTB-SP), que entre 2003 e 2004 era do PFL, como era chamado o DEM, e Efraim de Morais (DEM-PB).
"Em todos os anos, o PT teve na Mesa o primeiro ou segundo vice-presidente, além de também ter presidido a Casa", lembrou. "O PT é um partido de retórica e, para justificar sua omissão, desqualifica os outros. O PT chegou a reconhecer que Sarney não tem mais condições de presidir o Senado, mas, depois de tomar um porre ideológico-pragmático, adotou outra posição", completou.