Politica

Araguaia: buscas no Pará são retomadas

Mesmo sem esperança de encontrar ossadas de guerrilheiros ou militares mortos, Ministério da Defesa recomeça trabalho na quarta-feira

postado em 05/07/2009 08:10
O governo tem poucas esperanças de encontrar corpos de militantes comunistas e militares que se enfrentaram na Guerrilha do Araguaia, na nova expedição que fará a partir de quarta-feira. Desta vez, a comitiva, que percorrerá quatro áreas onde ocorreram os conflitos, será integrada por especialistas da Universidade de Brasília (UnB), Advocacia-Geral da União (AGU) e polícias Federal e Civil do Distrito Federal. Talvez seja a última tentativa oficial, pois o Ministério da Defesa quer colocar um ponto final no assunto. Tanto é que já encaminhou à Justiça um relatório de 200 páginas e milhares de documentos anexados, que seriam os últimos papéis existentes sobre o episódio.

Os resultados negativos de outras buscas fizeram com que as autoridades do Ministério da Defesa ficassem céticas quanto a novas descobertas. A expedição, segundo uma portaria do ministro Nelson Jobim, editada em abril passado, usará métodos científicos de identificação dos corpos. Para isso, seguirão na comitiva chefiada pelo general Mário Lúcio Alves de Araújo seis médicos legistas da PF e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, além de peritos, geólogos e odontólogos das duas corporações. Ao grupo estão incorporados dois professores da UnB e observadores independentes, incluindo o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Hermann Benjamin.

A ida da comissão para o Araguaia, onde ficará por 40 dias, dividiu o próprio governo. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), que até então vinha conduzindo a formação de expedições e pilotando as iniciativas de localizar corpos, ainda não decidiu se mandará representantes. Na semana passada, os titulares da SEDH e da Defesa tiveram reuniões no Palácio do Planalto, e o tema foi justamente a caravana que se desloca de Brasília na quarta-feira e percorrerá Marabá, São Domingos, São Geraldo do Araguaia e Xambioá.

Jobim quer o assunto encerrado até o início do próximo ano, tanto em relação às buscas quanto a acertos com a Justiça, mas não vê com bons olhos as punições contra supostos torturadores. Até agora, o governo realizou 13 buscas no Araguaia, onde recolheu 14 ossadas. Porém, apenas uma, a da guerrilheira Maria Lúcia Petit, foi reconhecida. Os restos mortais da mulher foram recolhidos em 1991.

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