postado em 09/07/2009 14:25
A denúncia de que empresas fantasmas ligadas à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teriam recebido ao menos R$ 500 mil desviados de recursos repassados pela Petrobras reforçou o impasse em torno da criação da CPI da Petrobras. A acusação pode fazer o PMDB recuar na pressão para que o PT liberasse o início dos trabalhos.
[SAIBAMAIS]
Aliados de Sarney dispararam telefonemas na manhã desta quinta-feira e não chegaram a um consenso. Estão divididos entre a avaliação de que a instalação da CPI pode trazer um novo desgaste para o presidente do Senado e a de que é melhor começar a CPI para diminuir os ataques da oposição e depois trabalhar para esvaziar as reuniões da comissão e evitar constrangimentos ao peemedebista e ao governo.
Os líderes dos governistas se reúnem nesta quinta-feira para fechar a estratégia. A oposição vai aguardar o fim deste encontro. Esperam que os governistas anunciem um acordo para a eleição do presidente e relator da CPI sem a necessidade de recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal). Pressão aumenta.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), a nova denúncia aumenta a pressão para que Sarney se afaste do cargo e a necessidade para que a CPI funcione. "Queremos credibilidade para as investigações das irregularidades que pesam sobre o comando do Senado. Agora, é preciso que se entenda que a CPI da Petrobras não vai investigar apenas esse fato do desvio de recurso. Ela vai investigar um rol de denúncias que precisam ser esclarecidas para o benefício da estatal", disse.
A oposição ameaça levar para o STF a discussão sobre a CPI da Petrobras. PSDB e DEM podem protocolar um mandado de segurança para garantir a substituição dos senadores governistas que adotaram a tática de não comparecer à reunião para impedir o início das investigações.
Projeto cultural
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", os R$ 500 mil teriam sido repassados pela estatal para patrocinar um projeto cultural da Fundação Sarney. O dinheiro teria ido parar em contas de empresas com endereços fictícios e contas paralelas. O projeto nunca saiu do papel. A reportagem informa que a justificação de um saque de R$ 145 mil foi foi feita com recibos da própria fundação. Outros R$ 30 mil foram para emissoras de rádio e TV da família Sarney para veicular comerciais sobre o projeto fictício.
Procurada pela reportagem da Folha Online, a assessoria de Sarney informou que a fundação comentaria o caso. Ao "Estado de S. Paulo", a fundação informou que foram "cumpridas todas as metas privilegiadas no contrato de patrocínio da Petrobras".