postado em 10/07/2009 08:37
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) voltou a mencionar ontem a possibilidade de concorrer ao governo de São Paulo, em 2010, e admitiu ter mantido conversas com o ex-prefeito e deputado Paulo Maluf (PP-SP) sobre a disputa. "O que pega é catapora, conversar com as pessoas não faz mal nenhum", declarou o deputado, ao participar de palestra, no Guarujá, litoral paulista, onde foi saudado como "governador". Ao dizer que tem uma relação de "cordialidade" com Maluf, que respondeu a acusações de mau uso de recursos públicos, Ciro disse não descartar uma aliança com o PP. "Faço aliança até com Satanás se for para fazer a obra de Deus.
O PSB paulista e parte do PT querem Ciro na disputa estadual, como uma saída para o fato de o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter um candidato natural. A articulação tem apoio junto ao comando nacional petista, que teria Ciro longe da disputa presidencial. "Há um punhado de pessoas com quem trabalho que tem me pedido para refletir sobre isso. Considero uma responsabilidade muito honrosa, muito grave. Se eu tiver de fazer a transferência do título, não quer dizer que seja candidato a governador. Posso ser candidato a presidente tendo domicílio eleitoral em São Paulo", respondeu Ciro, que terá de mudar o domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo até o final de setembro para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Ele disse, no entanto, que as definições só ocorrerão em abril de 2010.
Ciro citou o cientista político italiano Antonio Gramsci (1891-1937), referência do pensamento de esquerda, para criticar alianças políticas em que há "perda de hegemonia moral e intelectual". Esse seria o caso da aliança entre PT e PMDB no plano federal, avaliou. Mas não da aliança com o PP de Maluf. "O PP não tem hoje tamanho para alterar o centro de uma hegemonia moral-intelectual boa", disse. Ciro disse que não se aliaria ao PMDB de Orestes Quércia. "Não vou para uma aliança com o Quércia. Não vou. Ponto final", afirmou. Para setores do PT e do PMDB, Ciro critica a aliança porque teria interesse na vaga de vice na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.
Ele disse que estão colocando "a faca no pescoço" de Dilma ao fazerem com que ela defenda o presidente do Senado, José Sarney (PMDB). "Obrigar a Dilma a defender o Sarney? Que isso? O Lula, na Presidência da República, que se obrigue a essa tarefa institucional, eu entendo. E a Dilma, que é uma persona política em formação, pessoa de valor extraordinário? É uma exigência de faca no pescoço."