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Para senadores, quebra de decoro de Sarney ficou clara

A confirmação de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é o responsável pela fundação que leva o seu nome abriu caminho para uma investigação por quebra de decoro parlamentar. Para senadores, Sarney mentiu em plenário ao afirmar, na quinta-feira, que não tem ;nenhuma responsabilidade administrativa; na Fundação José Sarney, suspeita de desviar R$ 500 mil de uma verba da Petrobras para contas de empresas fantasmas e da família do senador. ;A mentira configura quebra de decoro. É coisa para perder o mandato;, avalia o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), indicado para integrar o Conselho de Ética.

O estatuto da entidade não deixa dúvidas sobre o comando exercido pelo parlamentar. Como fundador e presidente vitalício da entidade, Sarney assume ;responsabilidades financeiras;, tem ;poder de veto; e preside o conselho curador, formado por amigos e familiares. Um artigo diz que, em caso de morte de Sarney, sua mulher ou alguém da família assumirá o comando. Mais: uma coleção de fotos mostra o presidente do Senado assinando o convênio com a estatal em dezembro de 2005.

Na quinta-feira, em plenário, Sarney respondeu a uma indagação do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre as denúncias de desvios na fundação - que recebeu R$ 1,3 milhão da estatal para um projeto que não saiu do papel. ;Quero dizer a Vossa Excelência que eu não tenho nenhuma responsabilidade administrativa naquela fundação;, respondeu ele, segundo registro das notas taquigráficas. Dias sugere que a contradição seja investigada pelo Conselho de Ética. ;De boa ou má-fé, houve uma falsa informação.;

A assessoria de Sarney alega que ele deu poderes para o amigo José Carlos Sousa Silva presidir ;em exercício; a fundação. O senador não abre mão do controle da entidade nem da presidência vitalícia. Apenas diz que o amigo - indicado por ele para ser juiz no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) - poderá substitui-lo em sua ausência.