Politica

Aliados de Sarney divergem sobre nomes do Conselho de Ética e oposição boicota LDO

postado em 15/07/2009 08:23
Foi uma no cravo, outra na ferradura. O governo garantiu a instalação da CPI da Petrobras, mas não cumpriu a outra parte do acordo para que todos saíssem de férias ainda hoje. Num recuo calculado, o PMDB tirou da cena de ontem o outro campo em que os oposicionistas desejam promover o embate com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP): o Conselho de Ética da Casa, desaguadouro de todas as representações contra senadores por quebra de decoro. É que, para deslanchar o conselho antes do recesso, o PMDB quer assegurar que seu presidente seja aliado de primeira hora de Sarney e incapaz de deixar correr solto ou ceder às pressões externas para abertura de um processo político contra o presidente da Casa.
[SAIBAMAIS]
O problema é que, se o conselho tem um presidente suscetível a ponto de acolher denúncia contra Sarney, o peemedebista estaria automaticamente afastado do cargo até o julgamento final. Significa que a Casa ficaria sob o comando do primeiro-vice presidente, Marconi Perillo (PSDB-GO), o que nem o governo nem o PMDB desejam. Por isso, o PMDB passou a acenar com o nome do senador Paulo Duque (PMDB-RJ) para presidir o colegiado.

O impasse surgiu porque os demais partidos da base indicaram o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), nome que tem a simpatia do PT, mas o PMDB considera um risco por conta do comportamento independente do líder socialista, Renato Casagrande (ES), que já pediu o afastamento de Sarney do cargo. Ontem à tarde, o líder do PMDB Renan Calheiros (AL) conversou com Valadares e Duque, numa tentativa de buscar acordo, mas o PMDB e a base do governo, senhores da maioria também no conselho, adiaram a instalação para hoje.

O adiamento irritou a oposição, que saiu da instalação da CPI da Petrobras crente que iria direto para a reunião do Conselho de Ética. Por isso, os oposicionistas nem contestaram o encerramento da sessão da CPI tão logo foram eleitos o presidente, senador João Pedro (PT-AM), e o relator, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), pelo placar que o governo esperava: 8 a 3.

;Sem conselho, não tem LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias, que precisa ser votada antes do recesso);, disse Perillo ao cruzar com Cristovam Buarque (PDT-DF) no corredor do Senado. ;Veja só a que absurdo chegamos. O Conselho de Ética condicionado a um presidente palatável a um partido. O conselho deveria ser a primeira coisa a ser instalada num Parlamento;, comentou o pedetista. Mas, no Senado, ficou por último.

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