postado em 15/07/2009 15:54
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), negou nesta quarta-feira que as baixas registradas no Conselho de Ética tenha sido motivadas pela pressão para que os integrantes do colegiado saiam em defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Renan disse ainda que não existe resistência a senadores da base aliada para ocupar a presidência do colegiado.
O líder do PR, João Ribeiro (TO), e o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), pediram nesta quarta-feira desligamento do conselho. Renan minimizou a divisão na base sobre a escolha do senador que vai comandar o conselho. "O PMDB não quer partidarizar o Conselho. Todos os nomes são bons. O Valadares era um nome bom", disse. Ao pedir para sair do conselho, Ribeiro justificou que não se sente à vontade para julgar companheiros. Valadares --que era cotado para assumir a presidência do conselho-- disse que deixa o órgão disciplinar porque não houve consenso em torno de seu nome para o posto, o que poderia ampliar os desdobramentos da crise que atingem a imagem do Senado.
O Conselho de Ética do Senado deve ser instalado na tarde desta quarta-feira. O nome defendido pelo PMDB para ocupar a presidência é do senador Paulo Duque (PMDB-RJ). Na avaliação de aliados de Sarney, o peemedebista --que é suplente do governador Sérgio Cabral (Rio Janeiro)-- sofreria menos pressão para avançar com as denúncias contra o presidente do Senado. Para aliados mais próximos de Sarney, a indicação de Duque para o comando do colegiado garante maior controle das medidas do conselho sobre as denúncias contra o presidente do Senado.
Os aliados de Sarney querem colocar um senador fiel no comando do colegiado porque, pelo regimento do conselho, o presidente tem a prerrogativa de rejeitar sumariamente as denúncias e representações contra senadores. Na primeira reunião, o conselho terá que começar a avaliar quatro denúncias contra o presidente do Senado e uma contra Renan. Sarney foi levado ao conselho por uma representação do PSOL e três denúncias do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
O presidente do Senado foi denunciado por quebra de decoro parlamentar pela edição dos atos secretos e também pela suspeita de ter usado o cargo para interferir a favor da fundação que leva seu nome. Se o processo for aberto pelo conselho --atendendo a algumas exigências, como fundamento do pedido de investigação, fato determinado e cinco testemunhas que validem o documento--, Sarney poderá ser afastado do comando da Casa.