postado em 16/07/2009 08:35
O governo tem maioria na CPI da Petrobras e no Conselho de Ética do Senado, mas, ainda assim, dificilmente, conseguirá evitar que as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cheguem a um julgamento no plenário da Casa. ;Nós já decidimos: vamos recorrer ao plenário do conselho, onde provavelmente o governo terá maioria. Aí, vamos ao plenário;, comentou o senador Demostenes Torres (DEM-GO). Ele tem a certeza de que o novo presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), irá aproveitar a primeira reunião do conselho, marcada para agosto, para rejeitar de ofício a representação do PSol e as três denúncias que Arthur Virgílio fez contra Sarney. E já se debruçou sobre o regimento para saber como driblar essa barreira e não vê outra saída, senão levar o caso ao plenário do Senado.[SAIBAMAIS]
Ontem, Demostenes quase consegue, sem o menor esforço, deixar o Congresso sem férias e com a crise fervendo. Todo o trabalho dos governistas para encerrar o semestre por pouco não ruiu diante de uma única frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dita no meio da tarde, durante uma rápida entrevista quando saía do almoço na Embrapa, em Brasília. ;Todos eles são bons pizzaiolos;, respondeu o presidente aos jornalistas que queriam saber o que ele achava de os oposicionistas dizerem que a CPI da Petrobras acabará em pizza temperada com pré-sal.
Votações
Os líderes estavam naquele momento correndo para o plenário do Senado a fim de votar os empréstimos para alguns estados, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e conquistar duas semanas de sossego para tentar organizar melhor o bastidor e as saídas políticas para a crise do Senado e as denúncias que pesam na imagem do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O alvoroço foi tal que o líder do PT Aloizio Mercadante (SP) divulgou nota em que classificou a frase do presidente de ;infeliz; e que ;não expressa o que ele (Lula) efetivamente pensa;.
A turma do governo vai aproveitar o recesso, na semana que vem, para tentar buscar as pontes que permitam a Sarney continuar no comando, como desejam os peemedebistas. Ou, no mínimo, se isso não for possível, acertar os ponteiros a fim de que agosto seja um mês para colocar em prática o acordo de cavalheiros que, nos últimos tempos, se tornou impossível já que a cada dia há novos fatos publicados na imprensa. Enquanto isso, a oposição espera contar com o apoio de senadores que vão concorrer às eleições em outubro de 2010 para reforçar os votos em favor de suas propostas, seja na CPI da Petrobras, seja no conselho. E com Lula chamando os políticos de ;pizzaiolos;, parte do caminho começou a ser trilhado.