postado em 16/07/2009 19:16
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), anunciou hoje que vai apresentar na próxima semana uma nova denúncia ao Conselho de Ética contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O tucano quer que o Conselho investigue a participação de Sarney nas negociações que levaram o então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, a nomear o namorado da neta do senador para um cargo de R$ 2,7 mil no Senado, conforme publicou hoje o jornal O Estado de S. Paulo. Às vésperas do início do recesso parlamentar, Sarney preferiu não aparecer hoje no plenário do Senado, frustrando a expectativa de que fizesse um balanço sobre as atividades da Casa neste primeiro semestre do ano.
"Vamos ver se a água mole em pedra dura tanto bate até que fura" afirmou o líder tucano. Esta é a terceira denúncia que ele apresenta contra Sarney no Conselho de Ética. O ceticismo de Virgílio em relação ao Conselho tem motivos: dos 15 integrantes do colegiado, dez são da base aliada e estão dispostos a salvar Sarney. Além disso, o recém-eleito presidente do Conselho, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), já sinalizou a disposição de mandar arquivar tanto as denúncias quanto a representação do PSOL contra o presidente do Senado por falta de decoro. Pelo regimento, Duque tem poderes para barrar a investigação logo no início, mas a oposição já avisou que vai recorrer de sua decisão.
Precavidos, os senadores de oposição já deixaram assinado recurso na eventualidade de Duque determinar, durante o recesso parlamentar, o arquivamento das denúncias e da representação. "Tomamos essa precaução porque, como vamos estar de recesso e cada senador é de um Estado diferente, seria difícil reunir as assinaturas da oposição", disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Em sua avaliação, a nova denúncia contra Sarney torna a situação mais grave, uma vez que "robustece" acusações anteriores envolvendo atos secretos baixados ao longo dos últimos 14 anos do Senado.