postado em 16/07/2009 20:23
O diretor-geral-adjunto do Senado, Luciano Gomes, negou hoje que os atos secretos assinados pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), foram usados para contratar parentes e afilhados políticos do peemedebista. Em nota, Gomes afirmou que Sarney assinou nove dos 663 atos secretos --sendo dois na presidência da Casa e outros sete como integrante da Mesa Diretora-- e que nenhum tratava de nomeação ou exoneração de qualquer servidor do Senado.
O documento assinado pelo diretor-geral-adjunto não faz referência ao fato das contratações sigilosas envolverem familiares e aliados políticos do presidente da Casa. Segundo reportagem do jornal "O Estado de São Paulo", 10% dos atos favoreceram a nomeação de pessoas próximas a Sarney.
Segundo a reportagem, só para o Conselho Editorial do Senado, presidido pelo próprio Sarney, foram nomeadas 13 pessoas por atos secretos. O presidente do Senado foi denunciado ao Conselho de Ética do Senado por causa dos atos secretos. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), apresentou três denúncias por quebra de decoro parlamentar --sendo que uma delas por causa da edição das decisões administrativas sigilosas-- e o PSOL apresentou uma representação pelo mesmo assunto.
O líder tucano prometeu nesta quinta-feira quarta denúncia contra Sarney. A nova reclamação leva em conta a denúncia de que gravações da Polícia Federal apontam que Sarney pode estar envolvido diretamente na contratação sigilosa de parentes e afilhados.
"Infelizmente vou apresentar. A assessoria está preparando. A situação dele fica cada vez pior, mais ilegítima. Os fatos são estarrecedores, comprometedores não só dele e do seu mandato, mas sobretudo da saúde moral da instituição que ele ainda preside", disse.
Para Virgílio, só a saída de Sarney será capaz de acabar com a crise que atinge a Casa. "A presença do presidente Sarney simboliza esse passado de irregularidade que nós temos que virar a página", afirmou.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de São Paulo", interceptações telefônicas realizadas durante a Operação Boi Barrica, com autorização judicial, mostram indícios de que a família do presidente da Casa negociava com o ex-diretor a contratação sigilosa de parentes e afilhados políticos do peemedebista.
Em uma das conversas, Sarney teria procurado orientação para atender um pedido de sua neta Maria Beatriz Brandão Cavalcanti Sarney, que defendia a contratação de Henrique Dias Bernardes, identificado pela PF como seu namorado. Ele foi nomeado para Diretoria Geral e recebeu por cinco anos R$ 2.700.
A *Folha Online* procurou a assessoria do presidente do Senado, que não quis comentar a denúncia.