Politica

LDO: recesso não apaga o incêndio

postado em 17/07/2009 08:15
O recesso não deve, como desejam os aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acalmar a crise que assola a Casa desde o início deste semestre. A oposição sustenta que não abrirá brechas para que as representações contra Sarney no Conselho de Ética naufraguem antes do retorno às atividades, em agosto. O Democratas, por exemplo, deixou recursos prontos para o caso de o recém-eleito comandante do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), rejeite as representações nesse período.

Na avaliação de DEM e PSDB, o contato com as bases durante a folga do parlamento poderá fazer com que a voz dos que dão suporte à permanência dele na presidência da Casa fique mais rouca. Os parlamentares entram de férias, oficialmente, a partir de amanhã, e retornam ao trabalho em 1; de agosto. A folga foi oficializada após a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pelo Congresso, na última quarta-feira.

A votação trouxe medidas práticas. Uma delas é a fixação de parâmetros para o reajuste do valor do salário mínimo em 2010. Se as previsões do governo se confirmarem, com o INPC fechando por volta de 4,5% e a variação positiva do PIB, a previsão é de que o valor do mínimo, hoje de R$ 465, chegue a R$ 506,44. A LDO também autorizou reajuste nos vencimentos dos funcionários públicos, mas não especificou percentual.

Bases
Para os integrantes da base aliada de Sarney, o recesso deverá fazer com que o Senado retome com mais tranquilidade os trabalhos. A oposição discorda. ;Os fatos postos têm consistência;, ressalta o líder do DEM, José Agripino Maia (RN). Ele avalia que o intervalo não aliviará a pressão sobre Sarney.

Os parlamentares sustentam que não vão utilizar os 15 dias de folga para descansar. Prometem reforçar o contato com as bases políticas. O trabalho nos redutos eleitorais é necessário tanto para os que dão sustentação ao governo quanto para a oposição. Isso porque o desgaste da crise não se restringiu a Sarney. ;Os senadores vão ouvir a voz das ruas, e ela não será favorável;, acredita Agripino.

Um dos críticos mais veementes de Sarney, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), vai percorrer seu estado, participar de eventos e visitar o interior. Mesmo subindo ao palanque por diversas vezes para atacar a existência de atos secretos e denunciar as ligações entre Sarney e o ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, ele saiu chamuscado. Foi alvo de denúncias de que teria pegado empréstimo com Agaciel para pagar a conta de um hotel em Paris. Ele negou e se dispôs a abrir as contas bancárias. Vai investir no corpo a corpo, para medir o impacto da crise. ;Os senadores vão sentir o desgaste no contato com as bases e acho que isso fará diferença na postura de cada um no segundo semestre;, assinala.

Assim como Agripino, Virgílio não acredita que o recesso servirá como paliativo para a crise do Senado. ;A única solução para isso é o afastamento de José Sarney. A presença dele na presidência está insustentável e não me alegro com isso. Ao contrário, me entristece ver o que aconteceu com a Casa à sombra do sistema;, afirmou.

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