O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aproveitou a última sessão da Casa antes do recesso parlamentar para tentar minimizar os efeitos da crise na Casa Legislativa. Ele disse ser perseguido pela imprensa, mas garantiu que reerguerá a imagem do Senado. "Nas três vezes (que assumi a presidência), encontrei o Senado em crise. Reergui-o nas três ocasiões", disse. "Os insultos e ameaças não me amedrontaram e não me amedrontam", afirmou Sarney. [SAIBAMAIS]
Ele se defendeu afirmando que jamais praticou um ato que não fosse amparado em sua conduta ética. "Meu trabalho exige a sedimentação de uma profunda consciência moral de minhas responsabilidades, a obstinada decisão de não cometer erros e jamais aceitar qualquer arranhão nos procedimentos éticos que devem nortear minha conduta. Não são palavras. São 50 anos de assim proceder." Sarney ainda citou palavras do filósofo Lucius Aneu Sêneca: "As grandes injustiças só podem ser combatidas com três coisas: silêncio, paciência e tempo".
O presidente do Senado fez um balanço das medidas administrativas adotadas desde que assumiu o comando da Casa e afirmou que o Senado encerra o semestre com a pauta totalmente esgotada. Sarney destacou a votação de duas emendas à Constituição, 15 medidas provisórias e 64 indicações de nomes de autoridades para cargos no Executivo e para embaixadas. Ele ressaltou ainda o projeto que modifica a legislação de combate ao crime, a divulgação de gastos públicos na internet e a criação de 230 varas federais da Justiça. "Foi um semestre de intenso trabalho legislativo, que conseguimos realizar apesar das medidas provisórias e da crise política que se personificou em mim."
O presidente do Senado lamentou também que tenha perdido o apoio do DEM, mas lembrou que tem trabalhado em conjunto com o primeiro-secretário da Mesa Diretora, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI). "Companheiro leal e decisivo em nossas deliberações." Balanço O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu ao presidente do Senado que envie ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o documento com o balanço das atividades da Casa neste primeiro semestre.
Cristovam disse que esse ato é importante em razão das palavras de Lula, que se referiu aos senadores da oposição como pizzaiolos. "Creio que alguém precisa dizer a Lula que ele não pode dizer assim sobre o Congresso. E creio que ninguém melhor do que o presidente do Congresso para fazê-lo", disse. Para o senador, as palavras de Lula fazem com que o Congresso chegue às crianças e aos jovens como uma instituição tratada jocosamente. Em resposta a Cristovam, Sarney disse que mandará uma cópia do relatório ao presidente.