Politica

Para um plenário vazio, Sarney faz balanço do semestre e diz ser vítima de injustiças

postado em 18/07/2009 08:00
O senador José Sarney em plenário: balanço de sua gestão e lamentações para um público minguadoEm discurso para um plenário vazio, com a presença de apenas seis senadores, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), fez seu último pronunciamento antes do recesso parlamentar. Em tom de desabafo, o peemedebista reclamou da perseguição que estaria sofrendo e aproveitou a ocasião para lembrar medidas que marcaram sua gestão. Sarney se disse injustiçado, afirmou ter feito economia nos cofres do Senado e deixou claro que o afastamento ou a renúncia da presidência não são opções. ;As ameaças não me amedrontam;, sustentou.

As ações que ele listou como parte de um projeto de reforma administrativa da Casa, na realidade, foram tomadas com o intuito de domar o furacão de escândalos que assola a instituição desde fevereiro e que tem o senador como epicentro. Por conta disso, seu pronunciamento, intitulado ;prestação de contas;, não sensibilizou adversários políticos. Líderes dos dois partidos citados explicitamente por Sarney ; PSDB e DEM ; reagiram com críticas aos lamentos e à tentativa de reafirmar sua posição como presidente da Casa. ;É patético;, declarou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ao ser informado sobre o teor do discurso de Sarney.

As tentativas do presidente em elencar como prioridade a apreciação de matérias importantes, como as reformas política e trabalhista, também não surtiram o efeito desejado. Ao invés de mudar o foco, inflaram o teor das críticas da oposição. ;Quero é saber das contas do exterior. Ele agora quer falar de reforma? O que ele tiver a falar será dito ao Conselho de Ética do Senado;, disparou o tucano Arthur Virgílio.

[SAIBAMAIS]Apenas seis senadores (1) estavam no plenário quando Sarney subiu à tribuna. O líder do Democratas, José Agripino (RN), cumpria agenda no estado e não ouviu Sarney reclamar por ter perdido seu partido entre o grupo de aliados. ;Lamento ter perdido o apoio do DEM, um dos partidos que apoiou a minha candidatura;, ressaltou Sarney. ;Nós votamos nele e lamentamos que a situação tenha chegado a esse ponto. Mas tínhamos que optar entre compartilhar uma vitória e trabalhar por uma investigação isenta. Ficamos com a segunda opção e não nos arrependemos;, rebateu Agripino.

Alianças
A reposta do líder democrata é o retrato das desgastadas alianças políticas que sustentam Sarney no posto que ele não cogita deixar. O presidente do Senado preferiu atribuir a crise na Casa à perseguição da imprensa e disputas políticas. Não fez referências às denúncias que pesam sobre ele. ;Essa é a terceira vez que exerço a presidência do Senado Federal. Nas três vezes, encontrei o Senado em meio a crises. Reergui-o. (;) Não tenham dúvida de que é este também o meu objetivo;, assegurou ao minguado grupo de ouvintes.

Agora, Sarney deve viajar para o Maranhão durante o recesso parlamentar, que começa hoje. Segundo seus assessores, o senador deve passar 10 dias em férias antes de voltar para Brasília.

1 - PLATEIA
Apenas seis senadores acompanharam o discurso do presidente da Casa, José Sarney, no plenário: Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Álvaro Dias (PSDB-PR), Mão Santa (PMDB-PI), Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Cristovam Buarque (PDT-DF) e João Pedro (PT-AM)

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