postado em 23/07/2009 08:28
Os aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), monitoraram os petistas para auscultar as reações diante das gravações que mostram o empresário Fernando Sarney negociando um cargo para o namorado da filha. O grupo de senadores que deseja o pronto afastamento do presidente da Casa buscava meios de tentar antecipar a volta ao trabalhos, se não do Congresso, pelo menos do Conselho de Ética. E a família Sarney continuava na Ilha do Curupu, no Maranhão, onde o telefone não parava de tocar. Esses três movimentos dominaram o dia em que a situação política do presidente do Senado voltou a causar preocupação a seus mais fiéis escudeiros.
[SAIBAMAIS]
Logo cedo, Sarney conversou com advogados e aliados políticos. Desse grupo, ouviu que as gravações divulgadas ontem não indicam que ele mandou fazer ato secreto para nomear ou exonerar quem quer que seja. E, para completar, as relações dele, Sarney, com o ex-diretor Agaciel Maia já são conhecidas, ao ponto de Sarney ser padrinho de casamento da filha do ex-diretor. Ou seja, se depender da análise fria e processual, Sarney continua presidente, embora saiba que o segundo semestre não será fácil.
O problema, avaliam os mais fiéis escudeiros, é de natureza política. Hoje, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) farão reunião com quem mais estiver disposto no Senado para tentar forçar a convocação do Conselho de Ética ainda no período de recesso. A manobra, no entanto, está fadada ao fracasso, uma vez que a maioria dos membros da Comissão Representativa do Congresso, que cuida da Casa nesse período, e os integrantes do Conselho não estão dispostos a romper o acordo de só voltar a discutir o assunto em agosto, até porque muitos estão fora do Brasil.
Da parte do PT, os senadores, em sua maioria, seguem a direção apontada pelo presidente Lula ontem: o apoio a Sarney continua. Embora em conversas reservadas o próprio Lula já tenha dito que tudo tem limite, boa parte dos petistas se considera de mãos atadas. Isso porque a maioria dos senadores sabe que a vida do governo neste semestre não será fácil, com projetos polêmicos em pauta ; caso da proposta que acaba com o fator previdenciário.
De público, no entanto, são poucos os que defendem Sarney como faz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Enquanto descansa no litoral pernambucano, ele não deixa de acompanhar o noticiário. ;Pelo que tenho visto, se o Sarney tiver que sair, a maioria dos senadores terá que fazer o mesmo. Afinal, vários nomearam parentes;, diz.
Demissão
A tendência, segundo a diretoria geral do Senado, é que Henrique Dias Bernardes, namorado da neta de Sarney, seja demitido em até 20 dias. Ele é um dos 218 funcionários identificados pela comissão criada para analisar a anulação dos atos secretos.