Politica

PT abre portas para investigar Sarney no Conselho de Ética

postado em 25/07/2009 08:22
Cobrado por seus eleitores a respeito do apoio ao presidente do Senado, José Sarney, o PT chegou ao limite no que se refere ao lastro que tem dado ao peemedebista. A prova está na nota divulgada ontem pelo líder do partido na Casa, Aloizio Mercadante (SP), um texto discutido antes com integrantes da bancada. Nele, o líder, embora diplomático, começa dizendo que "é grave a nova denúncia porque há indícios concretos da associação do presidente do Senado em ato secreto de nomeação do namorado de sua neta" e diz que essa possibilidade de "participação direta" de Sarney deve ser investigada com rigor pelo Conselho de Ética. A nota deixa aberta a porta para que o PT apoie, dentro do conselho, a instalação de uma investigação direta sobre o presidente Sarney, o que resultaria no afastamento do peemedebista da presidência da Casa. E foi exatamente essa possibilidade que irritou ontem os peemedebistas. Até então, o que estava combinado entre petistas, peemedebistas e petebistas era o arquivamento das representações contra Sarney, exatamente para não dar margem a um afastamento que colocasse no comando do Senado o tucano Marconi Perillo (GO), primeiro vice-presidente. Em conversas reservadas, os senadores petistas avaliam que tudo está mais complicado depois da divulgação dos diálogos em que a neta de Sarney pede emprego para o namorado. Alguns dizem que o PT já fez o que poderia fazer por Sarney, em se tratando de um partido que defendeu o senador Tião Viana (PT-AC) para presidente da Casa. Citam como exemplo dessa atitude de solidariedade a Sarney os votos em favor de Paulo Duque (PMDB-RJ) para presidente do Conselho de Ética e a defesa no plenário do Senado. Só que, aos poucos, o partido terminou atropelado pelos fatos e por isso vislumbra, agora, que a tese por uma posição mais dura em relação a Sarney ganha fôlego. Mão de Lula Até o momento, dizem os petistas, o que evitou uma posição mais contundente dos senadores foi a interferência direta do presidente do Lula - que vai continuar trabalhando nos bastidores por Sarney, embora tenha dito que o Senado deva resolver seus problemas. Por causa dessa interferência e para não melindrar ainda mais o PMDB, Mercadante incluiu na nota a necessidade de apuração do vazamento dos diálogos, parte de um inquérito sigiloso. Embora a nota seja forte, no governo há quem diga que o PT não tem muita saída fora do apoio a Sarney. A cúpula peemedebista não deseja apresentar outro nome para presidir a Casa e, de quebra, vem aí a CPI da Petrobras, onde o PT precisará de votos para evitar investigações que possam constranger o governo. Lula, por sua vez, já afirmou à sua bancada no Senado que não vai deixar a oposição "surfar sobre seu governo nessa reta final" dentro da CPI da Petrobras. Ou seja, é hora de usar a maioria para segurar pedidos que visem apenas atingir o governo. E, para isso, precisará do PMDB. E de Sarney. Henrique se defende Apontado como pivô do agravamento da crise em torno de José Sarney (PMDB-AP), Henrique Dias Bernardes, 27, ex-namorado da neta do peemedebista, não vê ilegalidade na interferência de Sarney em sua contratação. Nomeado por ato secreto para cargo na Diretoria-Geral a pedido da namorada, Bernardes foi deslocado para a área administrativa no serviço médico. "Os parlamentares têm direito a cargos comissionados. Não tenho parentesco com ninguém. Não há ato ilícito", disse. Henrique é formado em física e pós-graduado em contabilidade e economia pela UnB. "Sou altamente preparado. Para a Casa, é bom ter um funcionário como eu. Presto meu serviço com competência e excelência". Prédios sem o nome do clã A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), recomendou a secretários estaduais e prefeitos que retirem o nome da família de edificações. A decisão vai na linha da posição tomada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão, que tirou o nome de políticos ligados à família de prédios públicos. À frente do estado há 37 anos, os Sarney usualmente conferem a estabelecimentos o nome de familiares. Na capital, por exemplo, há a maternidade Marly Sarney (esposa de José Sarney), o Fórum Sarney Costa, a Ponte José Sarney, a Avenida José Sarney e o Fórum José Sarney.

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