postado em 28/07/2009 18:14
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), quer evitar entrar em uma discussão pública sobre a declaração do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que minimizou, ontem, a nota divulgada à imprensa na qual o líder petista reiterava a posição do partido em defender a licença de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado. "O que nós avaliamos é que isso não é um movimento do PT", disse Múcio após reunião de coordenação política. "Imaginamos que seja o posicionamento de um ou dois senadores", insistiu.
Segundo fontes, ao longo do dia de hoje Mercadante - que se sentiu desautorizado pelo governo com a declaração de José Múcio - recebeu telefonemas do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que foi escalado pelo governo para botar panos quentes na história, e também do próprio Múcio, que teria lhe explicado que tudo não passava de um mal-entendido. A assessoria de imprensa de José Múcio informa que a conversa foi tranquila e, "pela parte do ministro, tudo já está resolvido".
Múcio teria explicado ao senador que o assunto não havia sido tratado na reunião de coordenação e, por isso, não seria uma posição oficial do governo. O ministro também teria argumentado que em momento algum ele desautorizou a declaração do petista, apenas teria questionado se a nota divulgada à imprensa era a posição de toda a bancada ou só de alguns senadores. Assessores de Mercadante confirmam que o senador entendeu a justificativa do ministro, mas que, ainda assim, a posição oficial é a de que o senador não falará deste assunto com a imprensa hoje. O parlamentar quer esperar a reunião do PT, marcada para a próxima semana pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini (SP), antes de se manifestar novamente.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter orientado o PT a não endossar o coro pelo afastamento de José Sarney da presidência do Senado, o partido pediu, por duas vezes, em notas divulgadas à imprensa, que o peemedebista se licenciasse do cargo. Na última manifestação a liderança do PT disse que a denúncia de que Sarney teria intercedido pela contratação do namorado de sua neta no Senado, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, era "grave" porque "há indícios concretos da associação do presidente do Senado, José Sarney, em ato secreto".
PSDB
O PSDB deve registrar ainda hoje, no Conselho de Ética, uma representação pedindo abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, responsabilizando-o pela edição de atos secretos e ainda por suposta participação em um esquema de desvio de dinheiro de patrocínio da Petrobras recebido pela Fundação José Sarney. Sarney é alvo, no Conselho de Ética, de mais quatro denúncias registradas pelo líder tucano Arthur Virgílio (AM), e uma representação protocolada pelo Psol.