Politica

Para Bernardo, programas sociais suavizaram efeitos da crise e serão um diferencial em 2010

postado em 30/07/2009 07:55
Responsável por fazer a ponte entre a economia e a política na administração pública, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é um dos poucos convidados por Lula a permanecer na equipe no período eleitoral. Ele está na dúvida, mas confiante de que a economia será o grande cabo eleitoral da ministra Dilma Rousseff em 2010. ;Se a economia continuar do jeito que está e o governo com essa toada, esqueçam. Dilminha será a presidente;, comenta em entrevista ao Correio. Ele projeta um crescimento econômico de 5% para o próximo ano, defende o presidente do Senado, José Sarney, e dá um chega para lá nas críticas da oposição: ;Quem reclama dos gastos públicos são os mesmos que se referiam ao Bolsa Família como esmola;, diz ele, garantindo que o próximo presidente encontrará um país equilibrado para administrar. <--
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--> Economia, o trunfo de Dilma <--

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Antônio Cruz/ABr - 28/7/09
    "O presidente Lula deixará um quadro macroeconômico muito positivo: país crescendo, inflação controlada, dívida menor, taxa de juros na casa de 4% a 5% real. Quem entrar depois terá uma avenida;
--> Crise econômica A pior parte passou. O Brasil foi o último a entrar em crise e já saiu. Mas isso não quer dizer que esteja tudo resolvido. Vamos ter ainda rescaldo para ser administrado. Há alguns setores que merecem atenção. Os dados que temos até agora do crescimento do segundo trimestre são muito bons. Crescimento em 2009 Será perto de 1%, como prevíamos. Tivemos indicadores muito ruins no começo do ano e menos ruins em seguida. Mas estou cada vez mais convencido de que em 2010 teremos crescimento na casa de 5%. Herança política Achamos que será a Dilminha a grande herdeira desse cenário. É evidente que nossos adversários têm ideia diferente. O importante é que o presidente Lula deixará um quadro macroeconômico muito positivo: país crescendo, inflação controlada, dívida muito menor, taxa de juros na casa de 4% a 5% real. Quem entrar depois do Lula terá uma avenida. Bolsa Família A verdade é que os programas de transferência de renda mostraram peso econômico, porque a economia foi segura por dois fatores: as políticas do governo e o mercado interno, que melhoramos muito. Por outro lado, mudamos as prioridades. O número de pessoas em extrema pobreza caiu no governo Lula e vai cair mais. Sarney e o Senado Falando francamente: dizer que o Sarney é o culpado dos problemas do Senado é meio exagerado. As denúncias são contra Sarney, gente do PSDB, do DEM e até do PT. Dizer ;tira o Sarney que resolve;, eu não acredito. Vão ficar os atos secretos e o controle dos recursos para viagem, além dos feitos do Agaciel. A posição do governo é a seguinte: vamos reformar esse Senado, corrigir os malfeitos, mas não vamos personificar. Isso que foi tentado recentemente, de colocar gastos na internet, por exemplo, é positivo. Tudo que vier para ampliar a transparência é bom. Desconforto com Mercadante Os senadores ficam sob pressão. Estão na fogueira. Têm de dar resposta e é difícil porque há a opinião pública. A bancada tem se comportado bem. E o presidente Lula não fez pressão nem criou polêmica. Isso não foi discutido na reunião de coordenação política. O Múcio (coordenador político) disse que tem de ver se isso é posição do líder, da bancada ou de só dois. Planos para 2010 Estou querendo ser candidato a deputado federal, mas tenho de conversar com o presidente primeiro. Da outra vez, fui lá e ele falou para eu ficar. Antes de falar com ele, não vou tomar decisão. Aliança com o PMDB É uma possibilidade grande. Recursos do PAC O dinheiro está preservado. Os problemas do PAC são as vicissitudes de uma agenda de investimentos, a área ambiental, o Tribunal de Contas da União e as licitações. Emendas parlamentares Será como sempre foi: vamos liberar o limite que tivermos condições. Não dá para executar todas, são quase R$ 20 bilhões. No ano passado, liberamos R$ 6 bilhões. Este ano não está fechado. Incentivos fiscais Todas as medidas anunciadas este ano são transitórias. O ajuste do superávit voltará a ser de 3,3% e a redução de tributos será normalizada. Mas não está excluída a possibilidade de o governo criar algum incentivo, se houver necessidade específica de alguma categoria. Agora, por exemplo, com os automóveis, claramente está dando resultado. O Brasil confirmou nossas previsões. Tínhamos condições diferentes do G-20, com saldo positivo do emprego e situação fiscal favorável na comparação. Arrecadação Acho que no segundo semestre vai melhorar. No ano que vem, deixando de valer essas reduções de tributos e com crescimento de 5%, o resultado será muito melhor. Mas o bom mesmo será em 2011, porque o que vai puxar na frente é o lucro das empresas. Gastos com funcionários A despesa de pessoal não está em níveis superiores ao que estava em 2001 ou 2002. O que aconteceu no nosso governo é que, como o PIB cresceu rapidamente, a despesa de pessoal ficou relativamente menor. Tínhamos uma pressão enorme para aumentar salário, seguramos tanto quanto podíamos. Fizemos as reestruturações, mas também não tem nada de insustentável nisso. A oposição fica procurando chifre em cabeça de cavalo. Reajustes de servidores Fizemos a opção certa. Não tínhamos condição de dar tudo de uma vez, dividimos em três anos. Agora, está todo mundo com o salário valorizado. E diria mais: se fôssemos negociar neste ano, haveria outra postura. Agora, a política é discutir se vai manter o poder aquisitivo, mas isso deve ser discutido mais para frente, em 2011. Concursos Estamos mantendo as contratações que programamos: 70% são para a área de educação. Fim do fator previdenciário O fator está sendo negociado. É possível que haja consenso para que tenhamos acordo. Na forma como o projeto do Paim foi feito, vai beneficiar a classe média. Tem de ser mais justo. Aposentadoria vinculada ao mínimo A lei determina reajuste anual pelo menos igual à inflação. Isso está sendo feito. Há uma ânsia de comparar o benefício da Previdência com o salário mínimo. Aí o pessoal faz contas de que ganhava tantos mínimos de aposentadoria e agora ganha menos. Se aprovarem que a partir de agora o que derem para o salário mínimo tem de dar para os outros, a consequência efetiva seria que o salário mínimo passaria a ser reajustado pela inflação. Não é o governo do Lula, da Dilma, do Serra ou de quem vier: ninguém terá condição de dar aumento real à aposentadoria. Congelamento da folha O projeto previsto diz que as despesas teriam limitação de 1,5% além da inflação. O senador Jucá propôs 2,5%, que acho razoável. O mérito é dar uma política de médio prazo e uma política igual para os poderes. Acho que isso seria uma boa solução. Não sei se tem apelo dentro do Congresso.

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