postado em 30/07/2009 22:02
Na tentativa de manter viva as negociações em torno de alianças e garantir palanques para as eleições de 2010, caciques do PSDB e do PT entraram em campo para minimizar os ataques de correligionários ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A ideia é mostrar que a pressão do PT e do PSDB para o afastamento de Sarney é apenas dentro Casa Legislativa, sem envolver as cúpulas dos partidos.
Os tucanos foram os primeiros a agir. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador José Serra (São Paulo) e o ex-governador Geraldo Alckmin (secretário de Desenvolvimento de São Paulo) dispararam telefonemas ao peemedebista. Nas conversas, os tucanos disseram ao presidente do Senado que tentaram evitar que o partido transformasse as quatro denúncias apresentadas pelo líder do PDSB no Senado, Arthur Virgílio (AM), em três representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Argumentaram que não conseguiram por causa da pressão de Virgílio.
O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) aproveitaram a permanência de Sarney em São Paulo, que acompanha a recuperação de sua mulher, Marly, para dar o recado pessoalmente. Ela se recupera de uma cirurgia no ombro esquerdo após sofrer queda que provocou a lesão.
A ministra passou no hospital Sírio-Libanês no fim da manhã de hoje e reforçou que o governo defende que Sarney permaneça no comando do Senado. Causou mal-estar entre os aliados de Sarney a nota divulgada na semana passada pelo líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), defendendo, mais uma vez, o afastamento temporário do peemedebista. Mercadante também disse, na nota, que a divulgação de gravações da Polícia Federal que indicariam que Sarney negociou a contratação do namorado da neta era forte indício de sua participação nos atos secretos.
Tucanos e petistas estão preocupados com o desgaste da pressão dos correligionários nas alianças de 2010. O PMDB é o partido com maior número de filiados e registrou, nas eleições do ano passado, o maior número de votos e prefeituras conquistadas.
Com o apoio do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), os tucanos trabalham para fechar parcerias estaduais com o PMDB e ainda têm esperanças de que o partido possa apoiar a candidatura de Serra ou Aécio. Os petistas, por outro lado, contam com a movimentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para segurar o PMDB como vice na chapa governista.
Renúncia Segundo reportagem da Folha publicada hoje, Sarney vai decidir seu futuro numa conversa pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode acontecer na próxima semana, quando o Congresso Nacional retomar os seus trabalhos.
Lula e Sarney se falaram nos últimos dias por telefone. O presidente da República insistiu em pedir que o senador não renuncie ao comando do Senado. O peemedebista disse que seu desejo é resistir, mas que para isso precisa de apoio. Os dois, então, teriam mais uma conversa pessoal para discutir a evolução da crise no Senado, que se arrasta desde fevereiro. Em conversa com aliados, o presidente do Senado também disse que não deseja renunciar nem cogita pedir licença do cargo no momento.