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Tropa de choque de Sarney no Conselho de Ética é a mesma que defendeu Renan

Os integrantes do Conselho de Ética do Senado escalados para fazer a defesa do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), são os mesmos personagens que integraram a chamada "tropa de choque" do ex-senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no colegiado em 2007. Os senadores Wellington Salgado (PMDB-RJ), Almeida Lima (PMDB-SE) e Gilvam Borges (PMDB-AP), que ganharam destaque como fiéis defensores de Renan, continuam a integrar o conselho. Salgado vem defendendo Sarney publicamente com o argumento de que o peemedebista, assim como Renan, foi perseguido pela imprensa. Lima, por sua vez, afirma que só vai tomar posição sobre as denúncias contra o presidente do Senado depois de conhecer os processos com profundidade. "Eu não sei se vou votar a favor dele ou contra. Seria irresponsabilidade minha falar isso agora. Eu posso até ser designado para ser relator do processo, não posso emitir nenhum julgamento de mérito", afirmou à Folha Online. Lima, que relatou um dos processos contra Renan em 2007, disse que não se arrepende de ter defendido o peemedebista durante as investigações. "Eu inocentei o senador Renan e ele acabou inocentado pela Procuradoria Geral da República, que não o denunciou até o presente momento. Estou confortado com o julgamento que fiz do senador Renan", afirmou Lima. Borges não foi encontrado pela reportagem para comentar o teor das denúncias contra Renan. O peemedebista ainda não manifestou publicamente sua posição sobre as denúncias contra Sarney, mas nos processos contra Renan votou favoravelmente ao peemedebista nas representações apresentadas no conselho. O quarto senador peemedebista que integra o conselho, Paulo Duque (RJ), foi eleito para presidir o colegiado --mas só profere seu voto em caso de desempate. Duque, por outro lado, tem a prerrogativa de arquivar sumariamente as denúncias contra Sarney se considerar que as acusações não cumprem os critérios previstos para tramitarem no órgão --como serem referentes a fatos que ocorreram durante a legislatura do atual mandato parlamentar. Em 2007, Renan enfrentou cinco representações no Conselho de Ética do Senado. O parlamentar, que na época presidia ao Senado, foi inocentado pelo plenário das acusações por quebra de decoro parlamentar --mas renunciou ao cargo de presidente em meio às investigações. Base aliada Aliados de Sarney calculam que, dos 15 titulares do Conselho de Ética, pelo menos oito vão ser favoráveis ao peemedebista. Integram a base aliada governista no colegiado, além dos quatro senadores do PMDB, os senadores Gim Argello (PTB-DF), Inácio Arruda (PC do B-CE), João Pedro (PT-AM) e duas vagas abertas com a saída dos senadores João Ribeiro (PR-TO) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) do conselho--este último que ainda precisa formalizar a retirada do seu nome. Os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC) são os suplentes que devem assumir as vagas abertas com a saída de Valadares e Ribeiro. Aliados de Renan apostam que os senadores da base aliada vão votar a favor de Sarney no conselho. Porém, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), emitiu nota defendendo a renúncia de Sarney. O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) desautorizou Mercadante ao afirmar que a posição do líder petista não reflete integralmente o conjunto da bancada --o que abre caminho para que senadores do PT votem favoravelmente ao presidente do Senado. A oposição, por sua vez, promete votar unida contra Sarney no Conselho de Ética. DEM e PSDB reúnem cinco vagas no colegiado. Senadores do PDT, que tem como representante o senador João Durval (BA), também defendem o afastamento do presidente da Casa.