postado em 31/07/2009 12:40
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou nesta sexta-feira que pode recuar da decisão de apresentar denúncia ao Conselho de Ética da Casa contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Ele disse estar preocupado com a possibilidade do embate desviar as atenções das acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).[SAIBAMAIS]
O motivo da denúncia de Virgílio seria a ameaça de Renan de retaliar o PSDB pelas três representações do partido contra Sarney e as seis denúncias assinadas pelo líder tucano. "Eu, pessoalmente, tenho muita vontade de entrar com uma denúncia, mas vou avaliar esse risco de desviar o foco da crise que envolve Sarney", afirmou Virgílio. O líder do PMDB conversou por telefone com Virgílio e, segundo o tucano, seu tom foi de ameaça. Renan já havia ligado para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), para pedir que o partido evitasse uma "radicalização" contra Sarney.
O PSDB ignorou o apelo do peemedebista e apresentou as denúncias. O líder tucano chegou a encomendar à assessoria jurídica da liderança do PSDB que avalie a possibilidade de entrar com uma representação contra Renan por quebra de decoro parlamentar por ele ter chantageado o partido.
"Ele quis dizer mais ou menos assim. Não se mete com a minha máfia, que eu não mexo com você", disse Virgílio em referência à conversa que teve com o peemedebista. Renan já é alvo de outra representação que foi apresentada pelo PSOL, que o responsabilizou pela edição dos atos secretos --decisões administrativas mantidas em sigilo nos últimos 14 anos.
O líder peemedebista vai apresentar denúncia contra ele na semana que vem ao conselho. O PMDB avalia se apresenta três representações individuais contra o tucano ou apenas uma. O partido acusa Virgílio de ter recorrido a um empréstimo de US$ 10 mil do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia quando o senador teve problemas com o cartão de crédito numa viagem particular a Paris, em 2003. Além disso, Virgílio é suspeito de receber R$ 723 mil do Senado pelo tratamento de saúde da mãe dele, quando o regimento permite gasto anual de R$ 30 mil. O PMDB estuda se apresenta, em separado, outra denúncia pela acusação de que Virgílio manteve um funcionário fantasma por 18 meses em seu gabinete. Como forma de se defender dessas denúncias, Virgílio apresentou cinco requerimentos à Mesa do Senado pedindo pareceres. Segundo ele, o pagamento do tratamento de saúde de sua mãe não teria sido ilegal.
Na volta do recesso parlamentar na próxima semana, o Conselho de Ética tem 12 reclamações para avaliar. São 11 acusações contra o presidente da Casa e uma contra Renan. Sarney é alvo de cinco representações por quebra de decoro parlamentar --três apresentadas pelo PSDB e duas pelo PSOL-- e seis denúncias --quatro protocoladas por Virgílio e outras duas dele com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Sarney é acusado de tráfico de influência e nepotismo. As denúncias podem ser apresentadas individualmente por parlamentares ou cidadãos e pedem apenas que o conselho investigue. Já a representação pede a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar e só pode ser oficializada por partidos. As denúncias estabelecem punições mais brandas como advertência verbal ou escrita e as representações podem determinar a perda do mandato.