postado em 04/08/2009 12:22
O grupo de senadores que defende o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa já tem pronta a estratégia de reação caso o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), decida na reunião de amanhã (5) arquivar os 12 pedidos de abertura de processos contra Sarney e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Eles vão forçar uma decisão do colegiado e, em caso de derrota, tentar transferir a questão ao plenário para que cada senador torne pública o apoio ou não ao afastamento de Sarney.
Ontem (3), Duque disse à Agência Brasil que vai apresentar um a um seus pareceres e %u201Cquem não estiver satisfeito tem o prazo regimental de dois dias úteis para recorrer a uma decisão do plenário do Conselho de Ética%u201D. O recurso ao plenário do colegiado já está pronto, caso o arquivamento seja definido pelo presidente do conselho.O vice-líder do PSDB Álvaro Dias (PR) considera esperado o possível arquivamento dos processos. Segundo ele, esta foi %u201Ca missão%u201D determinada a Paulo Duque pelo grupo que apoia o presidente Sarney, entre eles o líder Renan Calheiros, ao nomeá-lo para o cargo.
%u201CHá missões definidas e o presidente [Paulo Duque] vai cumprir a sua sem qualquer escrúpulo. Achávamos que a pressão do recesso fosse demovê-lo da decisão mas tudo recomenda pessimismo%u201D, afirmou o tucano. Além de recorrer para que a votação da abertura dos processos seja transferida ao colegiado, Álvaro Dias lembrou que também existe um outro recurso que encaminha ao plenário do Senado a decisão final.
[SAIBAMAIS] Já o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse à Agência Brasil que o arquivamento de todos os processos vai %u201Ctumultuar%u201D ainda mais a situação política do Senado. Para o parlamentar, existem processos que podem realmente ser arquivados por tratar de assuntos anteriores ao mandato de Sarney ou por fatos improcedentes.
Casagrande alertou, entretanto, que nem todos os requerimentos enquadram-se nessas duas prerrogativas estabelecidas pelo regimento do Senado. %u201CO presidente Paulo Duque tem que ter muito cuidado. Um remédio não pode ter dose exagerada, no caso, o arquivamento de todas as denúncias, porque vai virar veneno.%u201D
Nesse caso, o senador ressaltou que não haverá outro caminho a não ser a apresentação de recursos, no Conselho de Ética, e ao plenário do Senado para que cada parlamentar deixe clara sua posição sobre a abertura dos processos contra o presidente da Casa. Renato Casagrande disse, ainda, que não há rito sumário neste caso e todos os processos eventualmente abertos terão que ser votados pelo Conselho de Ética.
O senador peemedebista Pedro Simon (RS), dissidente do partido, afirmou que a estratégia de arquivamento foi previamente estabelecida pelos apoiadores de Sarney. %u201CIsso é esperado. É a tática de empurrar com a barriga.%u201D
O líder do PDT, Osmar Dias (PR), afirmou que Duque, por ser segundo suplente do ex-senador e agora governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), %u201Cnão tem qualquer compromisso com o eleitorado do estado%u201D. Ele acrescentou que, apesar de regimental, o parlamentar não pode decidir sozinho o destino dos pedidos de abertura de processos contra José Sarney.