postado em 06/08/2009 19:42
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), admitiu nesta quinta-feira, na tribuna da Casa, que a representação de seu partido contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) é uma represália ao tucano --que encaminhou seis denúncias e representações contra o senador José Sarney (PMDB-AP) ao Conselho de Ética.
Depois que Virgílio subiu à tribuna para reagir à decisão do PMDB de entrar com representação contra ele, Renan rebateu o tucano ao ler, uma a uma, as acusações contra o parlamentar.
"O PMDB mantém a expectativa de que essas questões sejam dirimidas de forma despolitizadas, desapaixonadas, no âmbito próprio que é o Conselho de Ética. A partidarização da crise em nada contribui para solucioná-la. Ao contrário, apenas tumultua, aumenta a temperatura e as tensões. Infelizmente, posturas partidarizadas impõem posturas similares de comportamento", afirmou.
Renan disse que a oposição, no Senado, é a "única no mundo com complexo de maioria". O peemedebista listou uma série de acusações contra Virgílio, citadas na representação encaminhada ao Conselho de Ética. Entre as denúncias, está o fato do tucano ter admitido que manteve o pagamento do salário de um funcionário do seu gabinete que morava na Espanha.
"O senador diz que a Mesa daria autorização e pagaria diárias para o moço estudar o que quiser na Espanha, sob pretexto de que voltaria para o Senado. Nem licença nem diária, a Mesa não concederia. O estatuto do servidor público não permite", afirmou Renan.
O líder do PMDB também acusou Virgílio, na representação lida em plenário, de receber doações de autoridade pública, esconder da Receita Federal a doação do imóvel em que o tucano mora, assim como receber "quantias" para tratamento de saúde de um parente em valores "muitos superiores do que preveem as normas do Senado".
Renan ainda acusa Virgílio de nomear o seu personal trainer para um cargo no Senado, com o objetivo de orientar as suas atividades físicas. O líder do PMDB pede, na representação, que Virgílio tenha o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar.
Sentado no plenário, o tucano ouve com atenção as acusações de Renan --principal aliado de Sarney no Senado. Virgílio ainda não reagiu às acusações do parlamentar. Tucano Antes de Renan discursar, Virgílio disse na tribuna que a representação do PMDB é uma "represália" às denúncias encaminhadas por ele ao conselho contra Sarney. O senador disse estar disposto a abrir mão do mandato se a Casa considerar que o peemedebista tem melhores condições de permanecer no cargo do que ele.
"Se disserem que meu mandato não cabe, mas cabe de Vossa Excelência, eu não faria a menor questão de permanecer nesta Casa sob qualquer condição", afirmou para Sarney.
O tucano prometeu responder, no conselho, a todos os questionamentos apresentados pelo PMDB na representação. Virgílio disse, porém, que acredita na decisão do colegiado de inocentá-lo das acusações.