postado em 09/08/2009 20:49
Depois de arquivar sumariamente as últimas sete denúncias de quebra do decoro parlamentar contra o senador José Sarney (PMDB-AP), o presidente do Conselho de Ética do Senado, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), aproveitou o Dias dos Pais com os dois filhos e os quatro netos no Rio, sem dramas de consciência. Ele se diz certo de que, como um magistrado, acertou ao recusar os processos contra o presidente do Senado sem se deixar pressionar pelo clamor popular pela queda de Sarney diante das evidências de nepotismo e tráfico de influência. "Não perdi o sono. Senti-me feliz da vida por ter feito aquilo, porque a pressão era muito grande para que fizesse o contrário. Preferi agir mais com a minha consciência do que fazer com aplauso fácil", disse o senador.
Ele fez questão de dizer o que pensa sobre a opinião pública, que a respeita, que não é como o deputado que chocou ao dizer que se lixa.
"A opinião pública é volúvel. Ela muda muito rápido, para ser justa ou injusta", afirma Duque, citando a leitura de "A Psicologia das Multidões", do francês Gustave Le Bon, como uma de suas preferidas. Por isso, garante ter recorrido apenas a uma "análise jurídica" das representações contra Sarney para decidir arquivá-las por falta de fundamentos. "Não fujo da minha responsabilidade. Eu seria um mau juiz se fizesse isso. Não estou preocupado com o que podem falar a meu respeito", avisa.
Duque recusa o papel de engavetador e argumenta que não deu a palavra final sobre o futuro de Sarney, mas "a primeira". Lembrou que os denunciantes podem recorrer do arquivamento e o colegiado do conselho pode decidir pela abertura dos processos. "Não é uma coisa arbitrária minha, isso vai ser definido pelo conselho", afirmou. "É muito importante ter independência. Depois, se o conselho se reunir e tomar uma posição independente da minha, é outra coisa".