postado em 20/08/2009 08:16
O líder do PT, Aloizio Mercadante (PT-SP), amanheceu nesta quinta ainda como o comandante da bancada do Senado, mas não empolga mais seus colegas de partido, tem um péssimo relacionamento com o PMDB e perdeu a confiança do Palácio do Planalto, ao contrariar o que ficara combinado na reunião do partido no Centro Cultural Banco do Brasil ontem (19/8) pela manhã. Para completar, seus liderados no Conselho de Ética, Delcídio Amaral e Ideli Salvatti, se sentiram expostos pelo líder que, diante das câmeras de TV, se recusou a tomar uma atitude de proteção e, durante toda a crise, não moveu uma palha para uma saída em que eles deixassem de votar a favor de Sarney.O que mais irritou o Planalto foi a posição de Mercadante de recusar qualquer saída que pudesse comprometer sua imagem pessoal, como a nomeação de Romero Jucá e Roberto Cavalcanti para o conselho. E ontem, mesmo que ele topasse, não havia tempo. A ordem era aproveitar o momento em que o PT precisava muito do PMDB ; o depoimento da ex-secretária da Receita Lina Vieira no Congresso expondo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff ; para arquivar tudo.
No encontro do CCBB, Mercadante ficou de ler a nota que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, preparara para lastrear os votos dos petistas. Além disso, Mercadante ; disso ele não abria mão ; iria colocar a posição da bancada. Estava combinado também com o PMDB que a TV Senado transmitira ao vivo a sessão do plenário deixando no Conselho de Ética apenas as tevês a cabo. [SAIBAMAIS] Só esqueceram de combinar com Marconi Perillo (PSDB-GO), o vice-presidente do Senado, que encerrou a sessão, deixando o canal livre para exibir a reunião do Conselho de Ética.
Audiência
Com a câmera voltada para ele, Mercadante deu apenas o recado da bancada. Foi o senador João Pedro (PT-AM), suplente que reza pela cartilha de Lula, que tomou para si a tarefa de ler o texto em que Berzoini ;determina que votem pelo arquivamento das representações;, justificando que o Conselho não tinha isenção e equilíbrio para julgar ninguém, dado o clima acirrado entre governo e oposição. A nota levou Mercadante a falar novamente: ;Respeitarei a posição daqueles que têm que seguir a disciplina partidária, mas nossa posição era pela investigação. Não fiz substituições para não interferir no processo;, disse o líder, deixando Delcídio e Ideli ainda mais acabrunhados.
Quando o dia de ontem parecia ter finalmente acabado, mais uma ameaça de deserção na bancada petista, depois do anúncio de Marina Silva (AC). O senador Flávio Arns (PT-SC) pensa em deixar o partido. ;O PT tem de buscar outra bandeira, porque a ética deixou de existir, foi jogada no lixo;, comentou o paranaense, logo depois do resultado do conselho (leia mais na matéria: Marina oficializa o adeus).
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